segunda-feira, novembro 16, 2015

Quote #31

"Sandra. Hoje a obsessão foi mais forte. Escrever-te. A nossa história que contei parecia-me intocável. Princípio e fim de nós nela, a tua morte selara-a para sempre. E todavia é nessa eternidade que a tua memória me perturba e a imagem terna do teu encantamento. Deves talvez lembrar-te de que nunca me escreveste. Mas eu escrevi-te algumas vezes quando vinha a férias e a emoção era demais. E um dia perguntei-te se tinhas guardado essas cartas. Tu olhaste-me com o teu sorriso breve e repreensivo. Rasguei-as, naturalmente, disseste, e porque havia de guardá-las? Gostava de as reler, de as ter, disse eu. Para recuperar o que fui nelas e o que houve nelas de ti. Que tolice, disseste ainda, a adolescência passou."

(Vergílio Ferreira, in Cartas a Sandra)

quinta-feira, novembro 12, 2015

Fachada

Não há desculpa.
Quem gosta, não esquece.
Quem sentiu, ainda recorda.
Não me venham com tretas,
nelas não me irão apanhar.
Estou-me nas tintas coloridas
para os amnésicos insensíveis
e para as cândidas fachadas de cal
mal arrematado.

Aleatory #5

Ainda cá estou, como sempre nunca deixei de estar, no mesmo lugar, esse que ambos explorámos sozinhos. A que horas lá?