segunda-feira, agosto 12, 2013

Teimosia

Porque insisto em escrever sobre ti? Por que razão teimo em contornar-te de contornos divinos e fantásticos? Quero-te ver, agora, já! Fala comigo! Grita!! Diz-me onde estás, que te vou abraçar de seguida. Deixa-me encontrar-te de novo. Dá-nos mais uma oportunidade de remediar o destino que, tu bem sabes do que falo, o tempo talhou para nós em suave forma de livre arbítrio. Deixa-me ser ingénuo e acreditar de novo que tudo entre nós aconteceu por alguma razão, que não esta do silêncio parvo e da distância infinita. Não me canso de pensar em ti e nos teus olhos. Ai...os teus olhos...o brilho do teu olhar encantador de musa faz-me tanta falta. Em todos os meus dias, ele cintila lá do fundo das minhas memórias nostálgicas, dando-me esperança de um dia o voltar a sentir com toda a sua intensidade. Sinto a tua falta, de ti e de mais ninguém, apenas de ti. Nunca o neguei nem nunca o farei. Se o fizer, isto é, se assim for obrigado, é porque morri...


sexta-feira, agosto 02, 2013

Citação

Um dia alguém me disse, 'se um escritor(a) se apaixona por ti, tu nunca poderás morrer'. Se isto for verdade, não te posso garantir a imortalidade, falha-me a parte do escritor...



quinta-feira, agosto 01, 2013

Acordar

Acordo para os lençóis recortados pelos limites caóticos do teu corpo. Não me digas que não, não vale a pena mentires. Sei que tiveste hoje aqui comigo. A cama ainda sofre com as mossas marcadas pelo teu peso subtil. Com os dedos consigo seguir o recorte em baixo relevo da tua silhueta ao longo do colchão. É como se ainda aqui estivesses. Num instinto rotineiro de encontrar o teu olhar e de te marcar um 'bom dia' com um beijo, deparo-me apenas com a almofada vazia que te auxiliou no descanso. Numa tentativa sinestésica de me aproximar do sabor de um beijo teu, abraço a tua almofada para te sentir o cheiro. E lá te encontro, tal e qual, sob a forma de aroma delicado, já um pouco sumido, mas que mesmo assim me faz vibrar e desejar-te indiscutivelmente mais. Lá no fundo, és tu que aqui estás, pelo menos é assim que gosto de me iludir nestas alturas em que, na realidade bruta, não estás. Quando me lanço para me levantar, apercebo-me de um pequeno pedaço de papel rasgado, pousado na minha mesinha-de-cabeceira. Deixaste-me um bilhete? Estico o braço com esforço e trago-o até mim. Nele dizes, com uma letra arrastada, e permite-me que te relembre, 

'Amo-te, mas tem que ser! 
Até sempre, L.'

Por incrível que possa parecer, não me surpreendo com o assunto, pois não é a primeira vez que tocas nele. Sempre me disseste que o que tem que ser tem muita força. Nunca concordei contigo, nunca quis acreditar que algo pudesse ser mais forte do que o nosso amor, por mais que esse algo tivesse que ser. Pelos vistos, enganei-me ingenuamente. Existe sim! No entanto, e reformulando as minhas crenças agora e à pressa, julgo que nada pode ser mais forte que o amor, excepto outro amor. E como comparar dois amores? Aí está o durame da questão: não dá, são incomparáveis. Não é possível saber qual o maior e qual o mais fraco. Cada amor existe por si só e é sentido de forma única. As suas respectivas dimensões e unidades básicas com que se constroem nada tem que ver umas com as outras. Mais ainda, não se trata  de uma construção racional, propositada e consciente de cada um de nós, mas antes de uma coincidência do acaso espontâneo que não presta satisfações a ninguém, nem ao tempo, nem ao destino. E assim, um novo acaso brotou entre nós: a separação. Apesar de causada por ti, não foi, como já disse, algo que pudesses controlar, por isso não te julgo. Escolheste outro amor que não o nosso, e eu aceito essa decisão. Partiste decidida, de uma vez por todas, rumo a uma vida que neste momento achas que é a melhor para ti. E não há melhor sensação que a satisfação de seguir as indicações indecisas e incoerentes do nosso coração!

Assim, curvado perante a tua vontade te retribuo a despedida amorosa com esperanças de, num dia eterno nos confins do tempo, poder viver contigo tudo aquilo que segredámos em conjunto e de cumprir todas as promessas que te fiz e deixar-te cumprir as tuas. Até sempre, até esse dia, meu amor...


Aleatory #5

Ainda cá estou, como sempre nunca deixei de estar, no mesmo lugar, esse que ambos explorámos sozinhos. A que horas lá?