sexta-feira, abril 25, 2014

Random #2

Às vezes ainda penso:
O que é feito de ti,
Como tens andado?
Quantos sorrisos,
Quantas lágrimas lacrimejado?
Quantos despertares sem mim,
Quantos deitares e noites escuras?
Quanto disto tudo
Tem passado
E eu perdido,
E ignorado.
Quantos instantes não vividos,
Quantas partilhas
Em palavras soletradas?
Quantos verbos conjugados à pressa
E gargalhadas descontroladas?

Mas quanto?
Quanto de tudo isto
Tu já não viveste sem mim?

quarta-feira, abril 23, 2014

Moments #1

E aqueles momentos quando alguém, com um entusiasmo do tamanho do Mundo, nos conta uma novidade ou uma anedota, por nós já conhecidas e, com alguma piedade, forçamos aquele ar de espantado ou aquela gargalhada teatralmente fabricada, de modo a  não estragar todo aquele êxtase excitado da proclamação da boa-nova?

hum?

Amo,
ou desejo?
Vejo,
ou imagino?
Toco,
ou invento?
Faço,
ou recordo?
Penso,
ou arrependo?

Não consigo
ou não quero?


domingo, abril 20, 2014

Contraditório

Há os que amam,
E os que acompanham.
Os que querem,
E os que desejam.
Há também os que procuram,
E os que encontram sem querer.
Há-os estúpidos,
E os que não querem aprender.
Há-os sozinhos,
E os sem ninguém.
Os que fogem, 
E os enfrentam,
Os que rimam,
E os de livre rima.
Os que sentem 
E os que fingem.

Há-os das promessas,
E os das acções.
Os da paz, 
E os da guerra
Os das pás,
E os mandriões.

Há de tudo.
E de tanto haver,
Até há os que não hão
Nem podem sequer querer.
E há os que não são,
Nem nunca o hão-de ser...

sexta-feira, abril 11, 2014

Quote #17

" Guardarás numa caixinha
o que não fiz por ti,
a mão que não chegou à sobrancelha
que nem aflorou,
o beijo repetido nas palavras
sem que o tacto
o multiplicasse qual se desejava.
Nessa caixa de nada não tardará depois
a não estares só tu,
a não estar só eu,
a estarmos só os dois. "

(Pedro Tamen)

terça-feira, abril 01, 2014

Coimbra, respeito, saudade...

De repente, num espasmo de consciência para a realidade finita, dou conta da tua presença em mim, inesperada, surpreendente, feita de sonhos e de rápidas imagens e de estrelas de enumerada beleza. Noto que esse vulto recortado de pensamentos não são de agora, ui não, não! Eles já me fitam, sem que eu desse por isso, há muito mais tempo! Espera, deixa-me voltar a trás...é isso! Coimbra, esse lugar mágico que nos juntou. Lembras-te? Não chegou a ser tempo esse instante em que me apercebi de ti. Mas foi essa brevidade o início deste meu lento despertar para a inevitabilidade dos sentimentos e da partilha, do respeito, da confiança, para ti. Acordei para ti enfim. Esfrego os olhos matinais com a força de uma alvorada fresca; quero garantir-me que não sonho e que esse mundo que tenho à frente, tu, é, efectivamente, real. Não um real dogmático mas um real para mim. É essa realidade que me interessa: a subjectividade de tudo que, terei de confessar, ainda é muito pouco porém, que és para mim; é a este universo em perspectiva a que me refiro, onde a profundidade do campo é a vida projectada em ti, o seu ponto focal. 

E no final da novidade recém-nascida e da alegoria da consciência íntima e profunda, tudo se combina em saudade, não do que passou, não de uma nostalgia arrumada, mas de um futuro caótico que terei que organizar, para nele não correr o risco de me perder...

Revisited #1

  Não te vi mais, mas sinto-te todos os dias no alto-relevo da tatuagem que esculpiste em mim. Não há dor nem cor. Há-te. Tu hás em mim em f...