De repente, num espasmo de consciência para a realidade finita, dou conta da tua presença em mim, inesperada, surpreendente, feita de sonhos e de rápidas imagens e de estrelas de enumerada beleza. Noto que esse vulto recortado de pensamentos não são de agora, ui não, não! Eles já me fitam, sem que eu desse por isso, há muito mais tempo! Espera, deixa-me voltar a trás...é isso! Coimbra, esse lugar mágico que nos juntou. Lembras-te? Não chegou a ser tempo esse instante em que me apercebi de ti. Mas foi essa brevidade o início deste meu lento despertar para a inevitabilidade dos sentimentos e da partilha, do respeito, da confiança, para ti. Acordei para ti enfim. Esfrego os olhos matinais com a força de uma alvorada fresca; quero garantir-me que não sonho e que esse mundo que tenho à frente, tu, é, efectivamente, real. Não um real dogmático mas um real para mim. É essa realidade que me interessa: a subjectividade de tudo que, terei de confessar, ainda é muito pouco porém, que és para mim; é a este universo em perspectiva a que me refiro, onde a profundidade do campo é a vida projectada em ti, o seu ponto focal.
E no final da novidade recém-nascida e da alegoria da consciência íntima e profunda, tudo se combina em saudade, não do que passou, não de uma nostalgia arrumada, mas de um futuro caótico que terei que organizar, para nele não correr o risco de me perder...