Ninguém ama no geral, nem mais ou menos, nem pouco, nem tampouco muito.
Quanto se ama, ama-se e pronto, nem bem nem mal, faz-se, deixa-se acontecer o amor, o resto são tretas. E quando amamos como se deve amar, fazemo-lo sempre no particular, nos detalhes, nas peculiaridades, nas idiossincrasias, nos pormenores, nos preciosismos e na minúcia. O amor revela-se na forma de comer, de sentar, na presença, no estar; na forma como se apertam os sapatos ou na perna que se mete primeiro quando veste um par de calças; na forma como se agradece ou como se cumprimenta. Na hesitação e na iniciativa; No corar e na coragem. Quando amamos, amamos os gestos, a voz, o cheiro, as reacções, os risos, os maneirismos, no andar, no saltar, no dormir...de tantas coisas mais que a páginas tantas nem sabemos porque que amamos, fazendo-o porém de forma intensa e entusiasmada. Mas sabemos, isso sim, que amamos de forma específica e que é aquela pessoa em particular que nos faz vibrar, que nos transmite energia e nos dá paz.
Se houver dúvidas, se existirem incertezas e medos, é porque não amamos como deve de ser. Amar é segurança e harmonia. Amar é, acima de tudo, ter certezas. Tudo o resto são lérias. Mas só sabe disto tudo quem ama. Para quem não sabe, porque nunca amou, amanhem-se com a solidão sentimental.
Em suma: é em todas estas pequenas coisinhas do dia-a-dia que o amor se revela. É isto que nós amamos e não a generalidade das coisas que envolvem as pessoas. Ninguém ama de forma genérica, isso não existe. Ama-se de for específica e eu, particularmente, amo-te a ti.