sábado, março 17, 2007

Magia

Lua cheia. Na algazarra dessa noite, o teu olhar calmo apresentou-se ao meu, numa empatia, desde logo, confortadora e deliciosamente embaraçante. Entretanto, um aroma. Uma essência delicada, primordial, cativante…

Donde vem?
Ah! Descobri! É teu. Mas de que é feito? Não interessa, vem de ti…

Arrepio-me. Tenho calor que me queima a carne. O coração que bombeia suor por todo o meu corpo, pelas veias, pelos músculos paralíticos. Entre os dedos, escorre-me água de embaraço, um mar de sentimentos improvisados pela energia do auge daquele momento. Os olhos, meu Deus, os olhos fixos em mais nada senão nos teus. Estou cego para o mundo, vejo-te só a ti: a extravagância do tudo, na imensidão do nada. Estamos sós.

De súbito, um remoinho subtil cria aquela sensaçãosinha estranha do estômago, de ansiedade em fúria, de desejo novato, que, oprimido, tende a explodir num arco-íris de emoções. …
Aguento-me na estabilidade que ainda me resta nos pés. Finjo-me firme e seguro. Sucedi? Penso que não, apesar da mímica.

A azáfama daquela noite entrara em mim, vivia-a agora em primeira pessoa, partilhando-a com outra.

Relembro esse princípio, à doce distância de uma fresca memória protectora, que me transporta para o halo da minha felicidade.
Que mais poderia eu desejar, do que estar contigo, neste momento, à beira-mar? Que testemunho maior para tudo o que nos une, que a imensidão azul destas águas ondulantes?

Sinto-me bem, ainda não te disse?

De súbito, num acto surpreendente e imprevisível, tocas-me na mão. És mesmo tu, a tua pele?! Por momentos, julguei-me sonhando. Desperto para a realidade perfeita daquele momento glorioso. Continuo a sentir-te.
O meu corpo estremece com o bater das ondas me embalam o meu coração. Sinto medo. Estou nervoso. Mas porquê? Não compreendo; não é preciso.
Sou livre contigo agora. Como as gaivotas, voemos ao som do mar, perfumados pela maresia do elo que nos une, até aos fins destas águas. Apreciemos de longe o alaranjado do pôr-do-sol. Não! Seria pouco! Vamos até ele, como tontos, cobrirmo-nos com o seu bronze, e gritarmos aos céus a nossa loucura…
Estou embriagado de felicidade; as palavras enrolam-se-me na cabeça como as ondas na areia. Silêncio. Contudo, ouço-te…ouço o eco o teu olhar...no vazio dos meus ouvidos. Sinto todo o teu corpo na minha mão…ai! que arrepios pela espinha!!
O sol pôs-se, preguiçoso, ao fundo da eternidade azul, que marcará as nossas memórias, no álbum de recordações das nossas vidas.

Despeço-me. Despedes-te….

Nada do vivido acabou, tudo continua aqui, comigo, no meu coração, na mão que me tocavas, como sangue coagulado nas veias.
Que me querias dizer com a voz do teu olhar? Ainda agora, ouço o seu eco…
E eu tantas coisas te segredei em pensamento…tantas…mas…
este segredo é como uma palavra debaixo da língua…

Revisited #1

  Não te vi mais, mas sinto-te todos os dias no alto-relevo da tatuagem que esculpiste em mim. Não há dor nem cor. Há-te. Tu hás em mim em f...