sábado, fevereiro 02, 2013

Já te disse isto hoje?

Já te disse isto hoje? E ontem, contei-te? Perco-me na minha própria repetibilidade sistemática, onde procuro arranjar maneira de te contar o que sinto. Sim! Sim, tens razão...eu sei que já te contei isto, mas mesmo assim, quero tentar arranjar uma maneira diferente, uma nova forma de transmitir as coisas. Deixas-me tentar, mais uma vez? É que, por exemplo, não te chateias, não te aborrece estar sempre a ouvir a mesma lenga-lenga? Eu sei que não exiges tanto de mim, mas eu quero encarar isto como um desafio pessoal, como uma lacuna comunicativa que pretendo ultrapassar. Faço-o por ti. Eu sei que é parvo, mas o que é que queres? Nem tudo tem que fazer sentido. Os sentimentos fazem sentido, serão eles inteligíveis? Claro que não, pelo menos não todos, não este. Não obstante, a Natureza permite que eles existam e eles aí estão, fortes, robustos. Podem apenas existir na nossa cabeça, na nossa memória, como resultado de reacções electro-químicas, mas não é por isso que deixam de ser menos reais que a chuva, as montanhas ou os rios. Não concordas? Assim, as coisas parvas e sem sentido têm o mesmo direito à realidade que todas outras mais certinhas e matemáticas. Devemos então aceita-las e encara-las com a maior das naturalidades, estranhando-as quiçá, mas nunca leva-las à ignoração consciente. O caos de um sentimento é muito mais divertido que a o aborrecimento da trajectória de um projéctil Newtoniano. É desse colorido caótico, desse floreado delicado e gentil, que brota uma estrutura irregular, desconexa mas orientada para um fim: ser sentida. Não interessa por quem, nem para quem, ela apenas quer ser sentida e sendo, quer liberta-se, aproveitar enquanto dura e dar-se ao sentido último para o qual criada. Sim é isso, acertaste. Essa estrutura é esse tal sentimento desordenado que nutro por ti. Pode não fazer sentido, mas é sentido e, portanto, real. Rege-se pelas mesmas leis que qualquer outro elemento da Natureza. Compreendes?

Ah pois é, ainda mais uma coisa, ia-me esquecendo, cabeça a minha: já te disse, hoje, que gosto muito de ti?

Revisited #1

  Não te vi mais, mas sinto-te todos os dias no alto-relevo da tatuagem que esculpiste em mim. Não há dor nem cor. Há-te. Tu hás em mim em f...