Era de esperar, não era? Claro que sim. Na imensidão dos olhares alheios, é essa busca de conforto e receptividade que esperamos encontrar nos outros, que eu já não procuro em ti. Tento equilibrar-me sozinho, com esforço admito-o, sem ti como ponto de apoio e sem o teu brilho para me iluminar o caminho. Apercebo-me que não preciso mais de ti, exceptuando a inspiração que de ti brota e me enriquece a mente com palavras confusamente baralhadas. Tento, a todo custo, organizar-las em pequenas frases que façam sentido e jus ao que sinto. No final, é no julgamento da razão que tudo retrocede. Todo o esforço lógico, toda a emoção e sentimentalismo que imprimi nas palavras, à luz deste novo juiz, são incriminadas pela ausência de estrutura, coerência e, acima de tudo, pelo seu colorido abstracto e pujante. É como réu que vejo tudo isto a acontecer diante de mim. Não há culpa, há o caos ordenado que afunila em mim e me ataca como uma besta enraivecida. Sangrando em lágrimas, saio deste tribunal vencido, mas não convencido...
terça-feira, janeiro 29, 2013
segunda-feira, janeiro 28, 2013
Sonhos
Sonho com essa realidade parva de um dia te ter. Quão saudável este sonho não é? Não é nada, é doença, é vírus que contamina a alma com esperança mortalmente corrosiva. Apercebo-me dessa estupidez de sentimentos aleatórios que giram em torno de ti e te elevam nos parâmetros da amizade, quando volto a uma realidade, aquela onde ambos nos encontrámos e nos conhecemos. Outras existem, por mim criadas, que se desenvolvem de forma paralela, que reflectem os sonhos que tinha para nós. Sonhos infantis, inocentes e sonhados em cima do joelho. Não fazem sentido, nunca fizeram. São abortos abstractos das minha mente em apuros, remedeios para um futuro rápido que surgiu como consequência dos sentimentos que brotaram de uma erva daninha. Em qual destas realidades pretendo viver, nas criadas por mim ou, inevitavelmente, nas criadas para mim? Fará assim tanta diferença, para já? Julgo que não. Venham eles, os sonhos.
Ainda tu!
Vejo-te ainda na minha memória. Resíduos estilhaçados de uma lembrança fértil e alegre. Recordo-te como da primeira vez. Magnífica, brilhante, linda, é a fotografia que tenho de ti estampada no passado feliz de uma convivência engraçada. Olho para a memória de ti e estremeço de medo. Medo por voltar a cair nos teus encantamentos, que eu sei que são inocentes. A culpa é minha, eu é que me deixo encantar, eu é que sou o encantado que fiz de ti uma encantadora espontânea. A magia não existe em ti, eu é que te tornei mágica com a varinha de condão da esperança e de uma felicidade ilusória e viciante. Quero mais, quero tudo. Tenho nada, com nada não me contento. Tenho-te à ideia que tenho de ti. Contentar-me-ei? Serei capaz de me subjugar a essa simplicidade redutora de ti? Quem sabe!? Eu sei.
sábado, janeiro 26, 2013
Agora ou nunca!
Sei que aí estás, desse lado, mas que não te queres mostrar. Sinto a tua presença e compreendo que não queiras falar. Não me importo, verdade! Aceito, com naturalidade, essa tua decisão consciente. No entanto, caso decidas em aparecer, caso te decidas revelar a mim, finalmente, não contes com a minha atenção, nem com o meu tempo. Será em vão se tentares, não te canses, não te esforces. Nessa altura, já estarei longe, muito longe...
Tu?
Já te disse que adoro a maneira carinhosa como que me olhas quando nos despedimos no meio da multidão? Sinto que procuras o meu olhar na altura do adeus, com esse teu brilho especial nos olhos. Ilusão minha ou realidade? Para não encontrar desilusão, tendo a insistir as minhas apostas na primeira opção. No entanto, em sonhos, quero ter a certeza de que me procuras dessa maneira especial, com um sorriso encantador que me faz derreter a razão. Nesses sonhos que tenho, quero ser a única pessoa do mundo para a qual assim olhas. É tão bom sonhar...Quero sentir-me especial, deixa-me sentir especial, deixa-me sentir que me destaco nos teus pensamentos, que me destaco quando não estou perto de ti. Quero fazer mossa quando não estou, quero distrair-te quando estou longe. Quero iludir-me que sentes a minha falta, tentando iludir-me que não sinto a tua...Mas não deixo de estar em paz:) Não te coloco de parte, não fujo de ti. Já não preciso...
Estou com muito sono agora, não me consigo concentrar nas letras, apenas em ti. Vou dormir. Boa noite.
Estou com muito sono agora, não me consigo concentrar nas letras, apenas em ti. Vou dormir. Boa noite.
quinta-feira, janeiro 24, 2013
Tu - Final
Estou em paz. Fiz as pazes contigo e com os meus sentimentos. Aceito-os de forma natural, deixo-os fluir ao sabor do tempo. Tudo flui ao sabor do tempo, tudo se cura com o passar do tempo. Agradeço-te a inspiração que tornaram possíveis estes textos sobre ti e para ti. Nada foi, afinal, em vão. Já não espero por ti, com a garantia e garantindo-te de que estou aqui e sempre estarei aqui para ti, como amigo, como alguém que nutre um carinho muito especial por ti. Espero, no entanto, que tenha consigo deixar a minha marca em ti. Espero que me perdoes pelos momentos menos bons, mas que, a cima de tudo, me relembres pelos bons momentos, tanto de conversas profundas, como de confidências, como de galhofa, que passámos juntos. Espero que essas memórias te levem ao desejo consciente de voltar a repeti-los, a esses momentos, um dia, dois dias, vários dias, sempre que te apetecer. Apesar do título deste texto, isto não é o fim de nada. Isto é o princípio de algo mais e melhor. É o princípio de uma amizade alicerçada no respeito mútuo e na sinceridade. Hoje provei-te isso mesmo, hoje provei-te que gosto realmente de ti e que me adaptei, que evoluí, que enfrentei e ultrapassei todos os desafios que o destino me propôs!
Adorei conhecer-te, adorei saber que existes e adoro a nossa amizade.
Um grande e especial bem-haja para ti.
Ainda bem que existes.
Um beijo...
Adorei conhecer-te, adorei saber que existes e adoro a nossa amizade.
Um grande e especial bem-haja para ti.
Ainda bem que existes.
Um beijo...
terça-feira, janeiro 22, 2013
Tu VI
Fugi, larguei tudo. Consegui? Entrei nesse mundo sedativo de sonhos. Sim, sonho contigo e aprendo a satisfazer-me com essa realidade virtual, pomposa e suave ao tacto dos sentidos. Estranho,ainda, conforto-me com essa aproximação de ti. É algo que te imita, quase te copia na perfeição, que me surge em formato sonâmbulo de uma silhueta enternecedora. Não és tu. É um conceito, uma ideia de ti. É o máximo que poderei ter e com isso me contentarei. O original está reservado, a fonte do pecado e do conhecimento mortal está seca para mim. Não tenho sede! Calma...não terei mesmo?
segunda-feira, janeiro 21, 2013
Tu V
Sei que estás aí. Sei que te escondes por de trás da invisibilidade do teu silêncio propositado. É tudo técnica macabra para me manteres afastado, mantendo, porém, teu o controlo sobre mim. Espias-me aí do alto do teu brilhante pedestal que reflecte o teu orgulho, mirando-me através da minha fragilidade que sabes que existe, tu. Sabes que sem ti, e sem o pensamento em ti, eu seria um ser autónomo e eterno, contigo mortalizo-me em carne corruptível e sentimentos escravos da teimosia dos teus caprichos. Peço-te que me deixes ser o deus que eu era antes de te conhecer. Deixa-me voltar à minha anterior vida de egoísmo, eternidade e solidão. Não quero mais sentir esta necessidade de te ter, abraçada com a incapacidade de te ter...Porque me obrigas a olhar-te, porque insistes em espelhar esse teu feitiço contra mim, encandeando-me de sentimentos, emoções, desejos eternamente insatisfeitos, vontades imemorialmente repreendidas pela natureza irremediável da situação em que me colocaste? Adeus. Estou a caminho. Volto-te as costas e volto a tentar, mais uma vez, estar longe de ti...
sábado, janeiro 19, 2013
Tu - Prelúdio
Alegremente anestesiado, é assim que me sinto. Os meus sentidos parece‐me falhar, absorvo a realidade sem margem para interpretações. O mundo não existe, só existo eu, sozinho e vagabundo, neste espaço universalmente vazio. Companhia, só me fazem os meus pensamentos absurdos sobre situações absurdas que agora fazem sentido. Deixei a realidade racional, criando o meu próprio sistema lógico onde sou o juiz, e simultaneamente o réu, a ditar e seguir as leis vigentes. O limite sou eu, é a minha imaginação, agora mais fértil do que nunca, floresce em direcção a esta nova iluminação que sinto.
Sou livre de abrir os meus pensamentos ao irracionalismo do insólito e do absurdo. Sinto‐me um deus de mim para mim mesmo. Dentro desta minha esfera idealmente concebida para me distanciar da realidade material dura e cruel, vejo‐te a ti e à ideia que tenho de ti. Sois assim tão diferentes? Tu e a ideia de ti? Sinto que não, terei que confirmar. Sei que não vos devo confundir, mas é difícil, nem mesmo neste meu mundo afastado de tudo e de todos eu consigo obter uma resposta satisfatoriamente concreta.
Quero‐te compreender, independentemente de tudo, sem recurso a análises inatamente redutoras. Não te quero entender em função das tuas particularidades, mas em função das generalidades do conceito por mim formado que te representa e identifica, nestes entrelaçados confusos onde assentam os meus pensamentos cheios de nós. Desta rede conceptual, onde se encontra perdida a tua existência por mim idealizada, surgem, irreversivelmente, pequenos impulsos que se coagulam em igualmente pequenos sentimentos obsessivos, empurrando‐me para o real abismo do qual me tento cobardemente proteger.
De repente, um estalo nessa barreira protectora, reproduz‐se em subtis falhas fatais. Caio abismalmente para esse lugar tenebroso. A minha existência, um recém-nado fresco, puro, sensível e desprotegido, vê‐se agora obrigado a enfrentar novas regras para as quais não está preparado. Nada faz mais sentido. Os conteúdos, outrora subjectivamente racionais, transformam‐se lentamente em pequenas emoções e sentimentos fantásticos, que de genéricos se vão materializando em redor da tua existência e moldando‐se a ela, tornando-se específicos e bem determinados. Apercebo‐me que acordo para essa paixão sem qualquer manifestação de sentido inteligível. Tento procurar um significado para as coisas que despertam os meus sentidos, até agora adormecidos pelo tempo e pela rotina de uma lógica débil, pessoal e repetitiva.
Tempo, preciso de tempo. Assim, paro, escuto e cego com esse brilho fantástico que vem de ti. Cego para a razão, ilumino-me para a desordem, o caos, o desequilíbrio de um sentimento borbulhante e curioso. Aguentarei tudo isto? Serei capaz de abarcar toda a tua magnitude num simples conceito que te represente?
Confundo-me, confundes-me...
sexta-feira, janeiro 18, 2013
Tu IV
Encontrei rumo. O melhor? Não sei, quem sabe? Mas é um rumo. Preciso apenas de um destino, de um bilhete de ida. Não pretendo voltar. Tenho certezas, menos que do que dúvidas porém, mas tenho certezas, algumas. Uma. Uma certeza é só o que tenho. Certeza de desistir. Acabou! Porquê? Diz-me tu. Não sabes? Nem eu. Estou já a caminho, despedi-me? Perdoa-me se não. Estou com pressa, pressa de fugir, não de chegar. Tenho tempo para chegar. Fui indelicado, sei que fui. Não mereces. Não tens culpa, mas tem que ser. Paga a justa, pelo pecador esquizofrénico que te imaginou diferente, não pior, mas melhor. Bem demais para mim. Talvez noutro tempo, noutro espaço, noutra vida ou realidade nos passamos encontrar de novo e seguir em frente para continuarmos com este projecto que nunca o chegou a ser. Continuo a querer-te, mas de maneira diferente. Dessa irónica maneira com que não se quer, querendo...
Tu III
Ao som da chuva que cai lá fora, relaxo neste recanto sentimental onde me abrigo. Tapo-me de silêncio, aquecendo-me com as memórias do pouco de vida que partilhámos, com os breves minutos que convivemos, onde trocámos olhares e gargalhámos juntos. Percebi mal os teus sinais, ou, compreendendo-os na perfeição, decidi iludir-me e abraçar uma realidade fantástica por mim criada. Um mundo à parte, irreal, cheio de sonhos e ambição. Sonhos acordados pela dilatação do coração em fúria e carregado de suor. A chuva continua a cair lá fora. Já é outra chuva, outra água. Já são outras as pingas divertidas que caiem contentes e seguem caminho. Aqui, eu, embrulhado em conjecturas parvas e falsas premissas, sou o mesmo. Não evoluí. Sinto-me estagnado nesse nosso tempo, nesse espaço tão nosso em que me perdi e que tu abandonaste. Sinto-me só. Sozinho, aqui, sem ti...
quinta-feira, janeiro 17, 2013
Tu II
Quero-te, mas não te posso ter. Não aqui, não agora. Estou de partida. Para onde? Lado nenhum. Sigo em frente, ao Deus dará. O meu destino é incerto, tal como o meu sentimento por ti. Não! Ele tem que acabar, tenho que destruir isto em mim que me domina, me controla de forma ilusória com juras de que tudo irá correr bem no final. Não acredito. Não tenho razões para o fazer. Sou racional. Tenho tudo contra mim. O tempo, as pessoas, tu. Fugi. Estou aqui, mas já fugi há muito tempo. Não te apercebeste, mas a minha ausência é antiga. Tenho vontade de voltar, de enfrentar isto que me rebaixa. Não depende só mim.Valerá a pena? Mas a minha alma está tão pequena...Decidi desistir antes de começar. Não aguento a dúvida, a esperança corrosiva que contraria a certeza de não te poder ter, aqui e agora.
quarta-feira, janeiro 16, 2013
Tu
Neste espaço silencioso que nos separa, procuro, já encantado, o teu olhar sorrateiro. Sinto-me inseguro. Tremo de arrepios. Por momentos, nessa esperança veloz de nos cruzarmos nesse mundo de luz e cor, assusto-me quando não te encontro. Receio que não me procures mais, que te canses da minha dependência doentia de te ver, dessa minha necessidade de te sentir à distância encurtada pelo sentimento invisível, esse novato sem experiência que insiste em se destacar. De repente, apanho-te fixada em mim. Há quanto tempo me olhavas? Coro de vergonha, mas resisto. Combato o vermelhão da face retribuindo-te o olhar. Miro-te também. És linda! Tudo à volta desaparece. Os sons, as vozes, o mundo exterior a nós desaparece num ápice. O tempo dilui-se na efervescência animada de uma eternidade infantil, partilhada por duas crianças que ainda não sabem falar. Falo-te tanto com os meus olhos. Compreendes o que te quero dizer? Compreendes que é essa curiosa inspiração que vem de ti que me faz criar, sentir e desejar mais? É isto que te digo sempre que o meu olhar se encontra com o teu...
sexta-feira, janeiro 11, 2013
Renascer
Os meus dedos irados escrevem, furiosos, ao ritmo de relâmpagos sentimentais e
pensamentos absurdos que estalam velozmente no fundo da minha cabeça. Tento trava‐los
mas, impotente, caio na frustração desesperada de, imobilizado, ficar a observa‐los,
enérgicos, confiantes e empenhados, como se uma boa‐nova tentassem transmitir ao
Mundo.
Já consciencializado com a inevitabilidade da situação, aproveito e esforço‐me por
entender a mensagem dos embaixadores da minha alma. Falam de sentimentos
cobardemente recalcados pelo tempo e por mim próprio que, agora, tendem a espreitar de
novo à tona de uma dura realidade cruel e fria.
Mas o que os fez de novo sonhar? O que os terá feito arriscar?
À medida que estes sentimentos sobem nos patamares da minha consciência,
apercebo‐me de uma modesta nostalgia, de uma saudade perdida no inconsciente confuso e
traumatizado, que rejuvenescem e, de certa forma, me incomodam exclamado, como se de
um quisto debaixo da pele se tratassem.
Porquê isto agora?
A esperança de algo ainda desconhecido, atravessa‐me a razão imunda, com
interrogações, com projécteis de conjecturas, com postulados primordiais que põem em
causa todos os meus actuais e falíveis princípios.
Apercebo‐me, então, de um calor que já há muito não sentia aquecer‐me; começo a
suar de vontade e iniciativa; transpiro alegria pelos poros da alma; sinto uma alvorada
cativante, iniciando o acontecer de uma nova vida, de um novo olhar para a realidade, de
um novo modo de sentir as coisas…
“Um olhar, uma silhueta vaga, um espírito encantador e enérgico…” – alego eu,
apontando um a um, os principais causadores desde meu despertar, que de uma imensidão
de causas possíveis, surgem especiais e inocentes. Surge também o desejo de me atirar para
o infinito mistério das coisas, de desvendar esses contornos esboçados de alguém que quero
conhecer.
E os dedos…esses continuam frenéticos a cantar…como se tudo o que disseram e
hão‐de dizer, seja sempre insuficiente para expressar os caprichos da minha alma…
Quero…assumo isso…
Aleatory #5
Ainda cá estou, como sempre nunca deixei de estar, no mesmo lugar, esse que ambos explorámos sozinhos. A que horas lá?
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Já te disse isto hoje? E ontem, contei-te? Perco-me na minha própria repetibilidade sistemática, onde procuro arranjar maneira de te contar ...
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Não te vi mais, mas sinto-te todos os dias no alto-relevo da tatuagem que esculpiste em mim. Não há dor nem cor. Há-te. Tu hás em mim em f...
-
Pergunta-me se ainda és o meu fogo se acendes ainda o minuto de cinza se despertas a ave magoada que se queda na árvore do meu sangue Pe...