Se eu te contasse o que não sinto, chamar-me-ias de pobre. De espírito e de sentimentos. Acusar-me-ias de frieza e crueldade. De indiferença, de inércia. Mas, felizmente, tenho apenas para te contar do que sinto, porque só isso existe. Porque só o que se sente é que existe...
segunda-feira, dezembro 23, 2013
sábado, dezembro 14, 2013
Esperança
Fala-me do o que estas a pensar.
Do que penso agora?
Sim, do que te vai no pensamento
Esperança!
Esperança?
Sim esperança, porque não?
Então porque a esperança não é racional, é do coração!
Do coração? Explica-me lá isso!
Esperança é, ou não é, esperar por aquilo que, em princípio, não vai chegar?
De certa forma sim, mas não só. Esse, diria eu, é o cúmulo extremo do conceito de esperança.
E faz sentido esperar pelo que não vêm?
Talvez não!
Talvez?
Sim, talvez! A esperança não é universal mas subjectiva.
Dizes, então, que o sentimento de esperança depende do sujeito!?
Sim! Esperança é um misto de motivação, de desejo, de amor e de fé.
E isso tudo pertence, ou não, ao coração?
Parece que sim...agora, por exemplo, espero que me beijes.
Isso não é esperança!
Não?
Pois não! Isso é batota!
Como assim?
Isso é saber o futuro...
Do que penso agora?
Sim, do que te vai no pensamento
Esperança!
Esperança?
Sim esperança, porque não?
Então porque a esperança não é racional, é do coração!
Do coração? Explica-me lá isso!
Esperança é, ou não é, esperar por aquilo que, em princípio, não vai chegar?
De certa forma sim, mas não só. Esse, diria eu, é o cúmulo extremo do conceito de esperança.
E faz sentido esperar pelo que não vêm?
Talvez não!
Talvez?
Sim, talvez! A esperança não é universal mas subjectiva.
Dizes, então, que o sentimento de esperança depende do sujeito!?
Sim! Esperança é um misto de motivação, de desejo, de amor e de fé.
E isso tudo pertence, ou não, ao coração?
Parece que sim...agora, por exemplo, espero que me beijes.
Isso não é esperança!
Não?
Pois não! Isso é batota!
Como assim?
Isso é saber o futuro...
segunda-feira, dezembro 09, 2013
Quote #8
" A solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós, a solidão não é uma árvore no meio duma planície onde só ela esteja, é a distância entre a seiva profunda e a casca, entre a folha e a raiz. "
(José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis)
terça-feira, dezembro 03, 2013
Quote 7#
" Foste tu que me me meteste nisto e depois desapareceste. Tenho saudades tuas, do teu génio, do teu riso, das tuas brincadeiras de palavras. Tu nunca foste bem deste mundo, e agora, dizem-me, retiraste-te de vez, para sempre. "
(Pedro Paixão, Asfixia)
domingo, dezembro 01, 2013
Quote #6
" Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
— que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas. "
(Pedro Tamen, Tábua das Matérias)
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
— que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas. "
(Pedro Tamen, Tábua das Matérias)
Quote #5
" Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. "
(Álvaro de Campos, Tabacaria)
quarta-feira, novembro 27, 2013
Regresso
Se eu deixar de existir, lembra-te de mim. Faz-me voltar a ser no teu coração em forma de recordação ténue, aquecida pela esperança incansável que não desiste. Recorda-me com carinho, faz-me viver de novo em ti. Talvez, se me recordares o suficiente e com pujante alegria, eu surja de novo, eu volte a ser matéria viva que se alimenta de ti, do teu amor, dos teus beijos, da tua pele...de tudo o que tu és. Quiçá, assim, eu ressuscite para ti. Peço-te, em jeito de segredo encostado ao ouvido: faz-me viver de novo!
Quote #4
" Só gostamos de uma mulher quando gostamos do seu cheiro. Quando tudo nos leva a bebê-la, como um chá quente, excitante, aromático. Se não gostarmos do seu cheiro não conseguimos ama-la, nem na pele nem na alma. Podemos ser amigos, companheiros, nunca amantes. Amar é beber um cheiro. É transportá-lo para dentro de nós. "
(João Morgado, Diário dos Infiéis)
terça-feira, novembro 26, 2013
Quote #3
"- Vens-me buscar?
- Vou. Mas onde?
- Tanto faz, desde que me venhas buscar. "
(Pedro Paixão)
- Vou. Mas onde?
- Tanto faz, desde que me venhas buscar. "
(Pedro Paixão)
segunda-feira, novembro 25, 2013
Quero-te
Querer-te é muito mais do que uma palavra que vem de mim. É muito mais do que um verbo conjugado no singular e no presente, e com desejos de futuro. Querer-te é quereres-me também. Querer-te é plural. Querer-te é, pois, queremos-nos um ao outro, mutuamente, em conjunto. Querer-te és tu, se me quereres for eu. Querermo-nos é sermos nós!
Se não me queres, eu não te quero também...
Se me queres, eu sou teu...
Se me queres, eu sou teu...
Quote #2
" Quando só há duas pessoas no mundo ainda não existe o amor. O amor é demasiado exigente. O amor faz com que pareça que só existem duas pessoas no mundo, tu e eu e mais ninguém, o que é muito diferente. "
(Pedro Paixão)
segunda-feira, novembro 18, 2013
Quote #1
" Parto de ti, viajo nos teus caminhos, corro e perco-me e desencontro-me no enredo de ti, nasço, morro, parto de ti, viajo no escuro que deixaste e chego, finalmente, a ti. "
(José Luís Peixoto, Morreste-me)
Dia 7
E uma semana passou. E um ciclo se fechou. Abrir-se-á outro? Depende de ti, está em tua função a construção de um novo caminho comum. Tudo agora se transformará, como sempre. Uma semana em semanas, semanas em meses, meses em anos e anos numa vida. Assim passa o tempo sem nos apercebermos, assim se desvaloriza aquilo que de mais valioso temos. Assim entram em decadência os impérios. Um instante é mais do que suficiente para se perder a hegemonia. No entanto, não sendo imperador de nada, apenas servo, já fiz a minha parte. Mais: continuo a fazê-la. Estou tranquilo. Percorreremos lado-a-lado esse caminho que hás-de construir? Ou um à frente do outro? Decide tu. Eu sou teu agora, amanhã não sei...
domingo, novembro 17, 2013
Dia 6
Não, hoje ainda é o sexto dia...continuo a recordar-te com a ternura que merece a tua memória. A projectar-te num futuro próximo juntamente comigo, algures, de alguma forma, por alguma razão que nos é alheia mas que é do conhecimento da razão do destino. É assim que ainda te vejo, é assim que ainda te quero, a meu lado, comigo sempre.
sábado, novembro 16, 2013
Dia 5
Que mais dizer quando apenas o que sobra são sentimentos indescritíveis? Que escrever quando as palavras falham em redor do que é a sua função de descrever a realidade? O que fazer quando apenas me apetece abraçar-te e beijar-te e olhar-te nos olhos e falar-te com eles e dizer-te que gosto muito de ti?
sexta-feira, novembro 15, 2013
Dia 4
Acordo para a vazio preenchido pela tua ausência pesada que carrega com força no colchão que partilhámos. Acordo para essa ternura afastada pelos lençóis que, ainda mornos, cheiram a ti. Um sopro de loucura perdida que se incendeia com um raio de sol que escapa pelo estore mal fechado, relembra-me que mais uma noite se escapou sem te ver. Ainda sinto os teus restos espalhados por toda a cama, os lençóis ainda desenham as curvas do teu corpo através de vincos e aromas perfumados que se alastram até à minha pele e a invadem com desejo ingénuo de ter aqui, neste preciso momento e naquele ínfimo instante que acabou de passar, ainda agora. Resta-me apenas uma projecção cruel de ti, uma imagem que não te faz jus, porque é impossível que qualquer tua imagem faça justiça ao teu tão essencial e puro ser que vive dentro de ti; melhor, que és tu! Aqueço-me no calor que sobra do rastilho da tua partida apressada. Aqueço ainda a esperança de me voltar a queimar na chama da paixão e de soprar as brasas em que fica o meu corpo com a brisa do teu amor...
quinta-feira, novembro 14, 2013
Dia 3
Ainda sinto os vincos suaves que o teu corpo deixou no meu. Ainda sinto o doce aroma da tua respiração acelerada nos momentos em que me beijavas com desejo ofegante. Ainda perduram estas memórias e sentimentos que parecem longínquos no tempo subjectivo. Agarro-me a eles. Tento fazer deles os prisioneiros absurdos e, sem piedade, faço deles meus escravos eternizados. Chicoteio-os com a trela da saudade, obrigando-os a fazerem-me sentir o mesmo que sentia quando estava contigo. Contudo, por mais que os obrigue, nada se comparará, jamais, a ti, à fonte da beleza essencial e da maravilha. Nem com a nostalgia nem com a recordação intencional e consciente, consigo simular tudo o que senti sempre que estivemos juntos. Não me interessa sentir por recordação, mas antes sentir-te pela presença física do teu corpo nas minhas mãos e dos teus lábios demolhados nos meus. Sim, é isto que ainda quero...
quarta-feira, novembro 13, 2013
Dia 2
Quando descobrires um caminho, percorre-o sem medo. E se este te levar até mim, avisa-me com antecedência que estás a caminho, não vá eu não estar presente para te receber e abraçar...
terça-feira, novembro 12, 2013
Dia 1
Vejo-te agora de longe pela objectiva da memória em carne viva. Foco o teu rosto e o teu cheiro com a precisão da saudade que me aflige. Surges-me como és, linda como sempre foste. Esta é a tua essência primal que me eleva os sentidos excitados. É isto que procuro todos os momentos da tua ausência infinita. É isto que espero sentir de novo, um dia...
quarta-feira, novembro 06, 2013
Momento
Nesse momento infinito em que nos olhamos, observamos muito mais do que olhos de olhar. Vemos muito para além da carne brilhante que nos espelha o espírito. Em ti, vejo amor e com amor te vejo sempre que em ti penso. Porque olhar para ti é também pensar em ti e é querer-te para uma eternidade que se vai expandindo com o tempo, de forma ponderada e responsável. Em ti, na tua essência como pessoa, eu encontro paz e alegria. Encontro-me também a mim próprio e todos os meus desejos que, agora, em função de ti são desenhados. Em mim, encontro-te tal como tu és. Linda e magnifica, fantástica e extraordinária. Por vezes duvido que consiga abarcar tamanha grandiosidade, essa que de ti vem, essa que tu representas, que tu és. Mas aceito o desafio: desejo-te agora e quero desejar-te para sempre. Arrisco essa proeza que só compreensível se vinda de um tonto como eu. Não me custa tentar. Que tenho a perder? Sem ti, não tenho mais nada e não te tendo, nada mais tenho a perder. Humilde, parto nesta aventura esperançado de te encontrar à minha espera...Estou quase a chegar...só espero por esse momento em que estou aí.
UJ ITMG
terça-feira, novembro 05, 2013
terça-feira, outubro 15, 2013
segunda-feira, outubro 07, 2013
Paz
Sei que me queres não querendo que eu não te queira. Sei-lo porque sim, só por isso, pela afirmação brilhante dos teus olhos quando me olhas, pelas palavras que me projectas envoltas de algodão doce. Sei também que não me queres demais, nem de menos, queres-me na intensidade que te basta, que te é suficiente para aquilo que o teu veterano coração consegue, para já, aguentar. Deixa-o repousar das guerras recentes, dá-lhe tempo para sarar as feridas ainda abertas em carne viva que bate com a pressão. Eu junto-me a ti, eu dar-te-ei também tempo, o suficiente para resolveres esse passado sangrento que tanto, ainda, te atormenta. No entanto, peço-te prudência. Não generalizes o teu futuro a partir desse teu passado. Aprende com ele e adapta os parâmetros em função dessa aprendizagem. Evolui, sê mais forte, mais versátil, mais inteligente. Não tenhas medo da mudança, desse salto que vais ter que dar, mais cedo, ou mais tarde. Acredita em ti e transforma essa fé em acção materializadora da tua felicidade. E não a procures fora de ti. A harmonia e a paz com o Mundo, onde tu te incluis de trivial forma (e eu, não te esqueças!), tem que vir de dentro. A paz não existe a não ser dentro de cada um de nós. Cria essa paz em ti. Sê paz e harmonia e felicidade em ti e para ti. Não tenhas medo, eu estou aqui...
terça-feira, setembro 24, 2013
Para ti
E por que razão hei-de negar a inevitabilidade do acaso feliz que me fez conhecer-te? Não! Não o vou esconder. Mesmo que o quisesse fazer, seria tarde de mais, já te mostrei, não há volta a dar. Bem ou mal, está feito. Já sabes de tudo! Porque o 'tudo' de que falo pode ser muito pequeno, e é, sem dúvida, mas refiro-me ao potencial armazenado e bem comprimido do que pode vir a ser. Arriscas-te a detonar esta bomba atómica de sentimentos coloridos e agitados? Aqui fica o desafio!
terça-feira, setembro 03, 2013
Nada
Antes de saíres, lembra-te daquilo que nunca fomos e sente saudades desse futuro hipotético. Depois de bateres com a porta, lembra-te que ela não se abre aí desse lado. Depois, bem depois, muito depois, quando já lá estiveres no fundo e olhares para trás, tudo te parecerá inverosímil e duvidarás do que não viveste. Questionarás as oportunidades que tivemos e os sonhos esboçados na tela partilhada da comunhão eternamente prometida. Tudo te surgirá frágil e longínquo da memória imediata. Ficará contigo um rasto de sonho mal calcado pelo fraco desejo de o tornar real. No final, nada existirá, nada se passou. Nada, de todo, restou! Mas...basta uma palavra, uma só palavra, para esvaziares este vazio e o encheres de coisas que ocupem memórias e sentimentos. Basta uma só acção da tua parte para voltarmos a andar às cotoveladas com as emoções e os sorrisos, e aos empurrões por entre as conversas e a partilha. Não te escondas, eu sei que aí estás. Agora, pára e pensa nessa acção e nessa palavra...será que não sabes do que estou a falar?
domingo, setembro 01, 2013
Dívidas
Se te lembrares de mim, que te dê a vontade de me veres fora dos teus pensamentos. Que te dê a vontade de correr até mim para me abraçares. Nesse momento, eu estarei de braços abertos para te devolver o abraço que me dás. Nesse momento, ficamos quites, não devemos nada um ao outro. Tu deste-me, eu dei-te de volta. Se quiseres permanecer neste equilíbrio dormente e responsável, força! Eu, por mim, quero estoirar toda a felicidade contigo, gastar os risos, consumir alegria até não poder mais, empenhar-me de abraços e beijos e olhares e noites sem fim. Quero contrair obrigações de paixão e intimidade. Contigo, arruíno-me de amor, mas sempre e só contigo. Contigo endivido-me para a vida e esfarrapo-me completamente. Vai uma aposta?...
segunda-feira, agosto 12, 2013
Teimosia
Porque insisto em escrever sobre ti? Por que razão teimo em contornar-te de contornos divinos e fantásticos? Quero-te ver, agora, já! Fala comigo! Grita!! Diz-me onde estás, que te vou abraçar de seguida. Deixa-me encontrar-te de novo. Dá-nos mais uma oportunidade de remediar o destino que, tu bem sabes do que falo, o tempo talhou para nós em suave forma de livre arbítrio. Deixa-me ser ingénuo e acreditar de novo que tudo entre nós aconteceu por alguma razão, que não esta do silêncio parvo e da distância infinita. Não me canso de pensar em ti e nos teus olhos. Ai...os teus olhos...o brilho do teu olhar encantador de musa faz-me tanta falta. Em todos os meus dias, ele cintila lá do fundo das minhas memórias nostálgicas, dando-me esperança de um dia o voltar a sentir com toda a sua intensidade. Sinto a tua falta, de ti e de mais ninguém, apenas de ti. Nunca o neguei nem nunca o farei. Se o fizer, isto é, se assim for obrigado, é porque morri...
sexta-feira, agosto 02, 2013
Citação
Um dia alguém me disse, 'se um escritor(a) se apaixona por ti, tu nunca poderás morrer'. Se isto for verdade, não te posso garantir a imortalidade, falha-me a parte do escritor...
quinta-feira, agosto 01, 2013
Acordar
Acordo para os lençóis recortados pelos limites caóticos do teu corpo. Não me digas que não, não vale a pena mentires. Sei que tiveste hoje aqui comigo. A cama ainda sofre com as mossas marcadas pelo teu peso subtil. Com os dedos consigo seguir o recorte em baixo relevo da tua silhueta ao longo do colchão. É como se ainda aqui estivesses. Num instinto rotineiro de encontrar o teu olhar e de te marcar um 'bom dia' com um beijo, deparo-me apenas com a almofada vazia que te auxiliou no descanso. Numa tentativa sinestésica de me aproximar do sabor de um beijo teu, abraço a tua almofada para te sentir o cheiro. E lá te encontro, tal e qual, sob a forma de aroma delicado, já um pouco sumido, mas que mesmo assim me faz vibrar e desejar-te indiscutivelmente mais. Lá no fundo, és tu que aqui estás, pelo menos é assim que gosto de me iludir nestas alturas em que, na realidade bruta, não estás. Quando me lanço para me levantar, apercebo-me de um pequeno pedaço de papel rasgado, pousado na minha mesinha-de-cabeceira. Deixaste-me um bilhete? Estico o braço com esforço e trago-o até mim. Nele dizes, com uma letra arrastada, e permite-me que te relembre,
'Amo-te, mas tem que ser!
Até sempre, L.'
Por incrível que possa parecer, não me surpreendo com o assunto, pois não é a primeira vez que tocas nele. Sempre me disseste que o que tem que ser tem muita força. Nunca concordei contigo, nunca quis acreditar que algo pudesse ser mais forte do que o nosso amor, por mais que esse algo tivesse que ser. Pelos vistos, enganei-me ingenuamente. Existe sim! No entanto, e reformulando as minhas crenças agora e à pressa, julgo que nada pode ser mais forte que o amor, excepto outro amor. E como comparar dois amores? Aí está o durame da questão: não dá, são incomparáveis. Não é possível saber qual o maior e qual o mais fraco. Cada amor existe por si só e é sentido de forma única. As suas respectivas dimensões e unidades básicas com que se constroem nada tem que ver umas com as outras. Mais ainda, não se trata de uma construção racional, propositada e consciente de cada um de nós, mas antes de uma coincidência do acaso espontâneo que não presta satisfações a ninguém, nem ao tempo, nem ao destino. E assim, um novo acaso brotou entre nós: a separação. Apesar de causada por ti, não foi, como já disse, algo que pudesses controlar, por isso não te julgo. Escolheste outro amor que não o nosso, e eu aceito essa decisão. Partiste decidida, de uma vez por todas, rumo a uma vida que neste momento achas que é a melhor para ti. E não há melhor sensação que a satisfação de seguir as indicações indecisas e incoerentes do nosso coração!
Assim, curvado perante a tua vontade te retribuo a despedida amorosa com esperanças de, num dia eterno nos confins do tempo, poder viver contigo tudo aquilo que segredámos em conjunto e de cumprir todas as promessas que te fiz e deixar-te cumprir as tuas. Até sempre, até esse dia, meu amor...
Assim, curvado perante a tua vontade te retribuo a despedida amorosa com esperanças de, num dia eterno nos confins do tempo, poder viver contigo tudo aquilo que segredámos em conjunto e de cumprir todas as promessas que te fiz e deixar-te cumprir as tuas. Até sempre, até esse dia, meu amor...
domingo, julho 28, 2013
Sonho
Hoje sonhei contigo. Não acordado, como já é comum em mim, mas durante um sono. Estavas linda! Encostei-me a ti e estremeci. Ainda nervoso, olho-te nesses teus olhos que eu tanto adoro, porque são teus, e pergunto-te se te posso abraçar. Respondes-me que sim e nesse momento o aroma real da tua pele conquista-me o olfacto viciado em memórias. Abraço-te com força e digo-te que não quero acordar mais. Olho-te de novo e apaixono-me outra vez. Nasço novamente com a aurora do teu olhar, morro de amores em seguida e, voltando à vida ressuscitado para ti, apercebo-me que, mais do que ar, respiro o teu amor também. Chegado desta viagem inesperada aos mistérios da vida, confesso-te das minhas tentativas loucas de me convencer que somos eternos e que, assim, desta forma sem fim, desejo ficar eternamente contigo. Já sou o agora, teu, mas se quiseres sê-lo-ei para sempre...
sexta-feira, julho 26, 2013
Coincidência
Quantas pessoas podem realmente dirigir-se a alguém, de verdadeira forma, como eu me dirijo a ti, meu amor? Andei a pensar, tu bem sabes como eu, bem ou mal, penso muito, que o amor entre duas pessoas é uma coincidência feliz e, para mim esta não é óbvia, não é algo assim tão fácil de acontecer. Quanto te vi fiquei encantado. Nesse momento, quais são as probabilidades de que tu tenhas em ti o potencial suficiente para, mais cedo ou mais tarde, te encantares por mim também? Com tantos milhões de pessoas no mundo, porque haverias tu de te apaixonares por mim? Compreendes o que quero dizer? Será assim tão expectável que, quando se gosta de alguém, essa pessoa tenha o potencial para gostar de nós? Estou já assumir que, posteriormente ao encantamento inicial, existe alguma luta, algum cortejamento e promessas eternas: ninguém se atira a ninguém de cabeça desprotegida, sem uma prova mínima da seriedade dos sentimentos da outra pessoa. Não compreendo como é que isto, afinal, funciona. Julgo que o amor é sinónimo de acaso caótico que, na sua maioria das vezes, com algum esforço mínimo e alguma dedicação, termina ordeiramente de forma feliz. Aliás, o amor é mais que isso. A amor entre duas pessoas é a determinação do aleatório, é a organização que surge do desorganizado e do imprevisível. O amor são as rectas pontiagudas que nascem inesperadas de um novelo atrapalhado de lã. É uma agulha encontrada, perdida num denso palheiro com problemas de personalidade. Assim, o meu amor por ti teve a sorte, a grande sorte, esse grande acaso no meio de milhões e milhões de semelhantes acasos que, nesse mesmo momento, surgiram por todo o Mundo, por todo o Universo até, de ser respondido pelo teu. Haverá melhor representação material do conceito de sorte, do que a concretização do amor entre duas pessoas? Fantástico! Que coincidência feliz é o amor correspondido! Amo-te! Se sou um sortudo? Sou pois...
sexta-feira, julho 19, 2013
Completamente
Nunca te quis incompletamente. Nem pela metade, nem por qualquer avo que me possas oferecer de ti. Sempre te quis completa, a ti, dos pés à cabeça, da tua pele à tua alma. Sou um pobre mal agradecido que quer ser rico de ti e não apenas um remediado de ti. Quero-te toda, ou quero nada. Destas duas, apenas uma. Escolhe, fica à vontade. Leva o tempo que quiseres, mas não demores demasiado. É só um aviso. Não resisti ao ultimato, tinha de o fazer. Mas não me leves a sério, leva-me a brincar. Leva-me da maneira que quiseres, desde que seja completamente, a cem por cento, com dedicação e motivação extremas. Ama-me se quiseres, eu não mordo. Ao invés, amar-te-ei de volta. Mas quem ama, não morde? Claro que morde, mas fá-lo com carinho e sem dor. Se me morderes, não dês só uma trinca, come-me, salvo seja, por completo. Absorve-me tal como eu, já dentro de ti, te absorverei de dentro para fora, do geral para o particular, alimentando-me da tua alma, do teu espírito, até às pétalas da flor da tua pele, delicada e cheirosa como me acostumaste. Mas voltando ao tema com que iniciei esta amálgama de palavras e desejos, faças o que fizeres, fá-lo de forma completa e dedicada. Atira-te às coisas, atira-te a mim se é isso que desejas bem lá no teu íntimo suavemente consciente. Larga o teu porto seguro onde naufragaste, que insiste em manter-te amarrada a uma rotina viciada e sem sabor. E no fim, sabes que cá estarei, como já te acostumei, para te amortecer a queda e te abraçar de seguida, completo, a cem por cento para ti...
domingo, julho 14, 2013
Pois
Talvez seja possível que ainda te ame. Porque amar nada tem de físico. Amo-te porque te conheci e isso bastou-me para ficar eternamente amarrado a ti. Porque tu és quem eu escolhi para viver dentro de mim o resto da minha vida. E se eu te escolhi, estás escolhida, não há volta a dar...ou haverá? Diz-me tu! Sinto-te em todos os meus dias, espero-te calmamente, tal como um músculo dormente espera por se voltar a mexer. O tempo passa...tudo passa, mas tu ficas em mim. Uma musa encantada que me encantou e me inspirou a criação artística e o prazer da vida e lhe deu sentido. É assim o que tu és para mim...Quero-te, continuo a querer-te...
quarta-feira, julho 10, 2013
quarta-feira, julho 03, 2013
Ainda
Sem ti a minha vida é perfeita demais. Demasiado certinha e polida. A tua ausência regulariza-me o dia-a-dia em rotinas parvas sem sentido nem proveito. Pensar em ti é pouco e redutor, mereces muito mais. Pensar em ti é chato e aborrecido. Quero sentir-te, mas como deve ser, como se deve sentir alguém tão importante quanto tu foste e, ainda, sim é isso, claro, és. Mesmo separados por este silêncio forçado, que me implora todos os dias que o destrua, tenho a certeza, quase absoluta, que ainda olhas por mim. Não te sinto como desejaria, mas sinto algo teu, a tua presença em meu redor. Sei que aí estás, desse lado, seja lá onde isso for, esteja eu onde estiver. Isso reconforta-me e inspira-me. Nunca mais fui o mesmo desde que te vi. Porque fiquei eternamente ligado a ti, desta forma mágica contornada pela criatividade e inspiração. Porque ainda sinto a tua presença e faço por a sentir todos os dias, umas vezes mais conscientes do que outras. Em mim deixaste o suficiente que me podias deixar para me marcares de forma irremediável e bonita. E agora de repente uma vontade. Se pudesse abraçava-te e dizia-te, em segredo, tocando no teu rosto com ambas as mãos inteiriças e olhando-te nos olhos, que nunca mais quero estar longe de ti como estou agora. Se nos voltarmos a cruzar, se por acaso o destino se decidir por nos juntar de novo, será a primeira coisa que irei fazer, contar-te este segredo a ti e ao teu olhar doce e atento.
Sei que aí estás. Sei que sabes que é de ti que falo, como sempre falei, como só de ti posso falar...
sexta-feira, junho 21, 2013
Amanhecer
Se acordares um dia para mim, eu serei teu nesse instante. Tal como os pássaros são da manhã que nasce todos os dias, eu serei teu sempre que nasceres para a realidade aumentada dos sonhos que partilhamos. Hoje estou de vigília. Quero estar de olhar atento para qualquer tropeção que possas dar durante o teu sono. Quiçá ele te faça cair para o mundo real onde eu vivo e onde tu vives também mas de forma dormente. Podia acordar-te, pois podia, mas tens um péssimo mal acordar, não arrisco. Hás-de levantar-te, tal como todos os dias acabam por chegar, tu também irás voltar a existir radiante e os pássaros voltarão a cantar para ti e o vento voltará a tornear o teu corpo. Contudo, a seguir ao dia segue-se a noite e o ciclo repete-se. Não há nada que dure para sempre, a não ser a eternidade de nada durar eternamente. Não me quero preocupar com o vento que soprou ou com o vento que soprará amanhã, mas sim com o vento que sinto agora na cara e me embala a alma com frescura. O sol que me bronzeia o corpo nu com felicidade e prazer, o sol que sinto agora, neste instante, de forma escaldante, é este o sol que me interessa, não o que brilhará, certamente, amanhã, nem o que se apagou na noite passada quando adormeceste. Quero-te, sim, mas agora, não num futuro incerto sob o qual não tenho controlo! Quero-te neste presente que ambos sentimos, nessa única dimensão que existe para mim. Não desisto! Quero querer-te sempre em cada instante que se faz com o passar do tempo, até ao fim, até o teu acordar, até ao teu amanhecer...
sábado, junho 08, 2013
Verdade
Não te vou mentir, sempre fui sincero contigo. Sinto a tua falta, não vale a pena enganar-me. Não a sinto como a senti no passado, mas ela permanecesse cá, sob a forma de um vazio inquietante e incompreendido. Quando penso em ti, desapareces-me como eu desapareci para ti. Depois a saudade vem de braço dado com a nostalgia e vem também o recorte vazio da silhueta do teu corpo e também o vulto do teu olhar. Vêm-me igualmente as memórias, os risos, as conversas e as partilhas. Vem a forte amizade que se gerou de repente mal nos conhecemos, a ternura e o carinho. Tudo isso existiu e tudo isso continua a existir, mas assim, a esta distância fria separada pelo tempo agreste que nos mantém afastados. Mas esta foi a nossa única hipótese de nos mantermos amigos, esta foi a única maneira de nos mantermos eternamente fiéis, com dantes, como no início. Tu sabes, eu sei que sim, que, apesar de tudo, gosto muito de ti e que esse sentimento vai continuar. Um dia, espero que ele chegue um dia, vou poder abraçar-te e tu a mim. Reencontrar-nos-emos como se fosse a primeira vez. O ciclo repetir-se-á. Não espero por esse dia. Quando ele nascer ambos saberemos que chegou o primeiro dia da nossa vida...
terça-feira, junho 04, 2013
Risos
Rio-me sozinho. Neste momento estou a rir-me sozinho. Este facto não teria direito a narrativa se não fosse eu estar rodeado de pessoas. Pessoas, à partida, doentes, dado encontrar-me numa sala de espera de um centro hospitalar. Os olhos cansados fitam-me com estranheza. Tento conter-me. Tem que ser. É desta. Estou com ar serio agora. Mas é-me difícil aguenta-lo. Forço-o com força, impinjo-o para que se mantenha. Preciso de seriedade, de antipatia até. Mas foi-se. O sisudo ar aparente, desfaz-se num inesperado momento de fraqueza há muito temido. Com pouco orgulho, desisto com uma gargalhada sem sentido. Peço-vos que me perdoem a minha infantilidade deliberada e sem moderação ou respeito. E agora, a interrogação, de que me rio? Não, não! Por favor, não olhem mais para mim! Quanto mais olham mais eu me rio. Parem por favor, os vossos olhares fazem-me cocegas engraçadas de criar lágrimas engraçadas. Assim não dá, assim é injusto. Enrolo-me sobre o meu próprio ventre, agarro-o por não aguentar mais tanta contracção abdominal. Perco o equilíbrio da cadeira onde estava sentado e caio no chão. Rio-me agora de ter caído. Rio-me de tanto rir. E o humor insólito continua: eu, caído, a rir-me de nada e de tudo, na sala de espera cheia de doentes esperançosos de uma consulta. Enquanto uns se preocupam com a sua saúde, outros, como eu, preocupam-se em tentar manter o tal ar sério e preocupado, perfeitamente expectável deste tipo de local. A custo, lá me levanto, com soluços de tentativas frustradas de conter o riso. Mais, de conter a gargalhada. Não só me rio, como canto, histérico, sob a forma de gargalhada parva. Entretanto, chega a minha vez e lá vou eu todo feliz. Afinal existe um doente que se ri comigo e não me julga: eu. Doente, lá vou eu então, com os olhos encharcados de um rosa lacrimejante, mas feliz. Grande optimismo o meu...
sexta-feira, maio 24, 2013
Despertar
Em cada despertar, o teu rosto,
Um acordar preguiçoso, o sol quente.
No sono ainda, um sonho apagado,
Uma realidade quente que amorna,
Novamente tu, o meu dia.
Sempre tu, mesmo de noite.
Bom dia! Desejo-te de olhos esfregados.
Espreguiço-me. Aumento-me para te alcançar.
Tento abraçar-te logo de manhã,
Mas nunca consigo.
Amanhã tento outra vez...
Lá fora, já há vida.
Há os pássaros e o vento.
Há as montanhas escondidas.
Há o horizonte já feito atrás disso tudo.
Devo seguir-los.
Está na hora de me levantar e seguir-los
Eles saberão guiar-me até ti.
Deixa que a natureza que indique esse caminho.
Sei que me chamas, mas não sei donde.
Perdoa-me se te confundo com o cantar das aves e dos rios
E com o soprar do vento que trás o teu aroma até mim.
Perdoa-me se te vejo nas silhuetas brancas das nuvens.
E os olhos radiantes que fazem sombra às árvores.
Perdoa-me por não te distinguir no meio desta imensidão natural.
Esperando a tua compaixão,
Vou levantar-me e seguir caminho,
Até ti, até ao Sol, até à Lua, até onde estiveres e onde fores.
Até onde és, até quando existes!
Para sempre.
Acordarei para ti.
sábado, maio 11, 2013
Sabes
Tu, no fundo, sabes que se me quiseres, eu sou teu. Sim, tu, tu que continuas a observar os meus desabafos escritos de quando em quando. Eu sei. Mesmo distante, sinto-te como se estivesses perto. Sabes que tens esse poder sobre mim, sempre tiveste e continuas a exerce-lo sem te aperceberes. Não tem maldade, sei que não o fazes por mal consciente. Sabes, também, que se o destino assim o entender, eu estarei aqui para ti. Sabes que te espero com uma calma dormente e como não se devia esperar por alguém. Sabes que te quero como dantes, como sempre, como nunca deixei de te querer...
sexta-feira, maio 10, 2013
Amnésia
Deito fora o que me lembra de ti? Tu já foste, mas os pensamentos ficaram. Corto a cabeça? Seria uma solução, de certo. No entanto não estaria suficientemente vivo para sentir o alívio de não pensar em ti. E eu quero sentir-te leve em mim, já nem sequer exijo a tua total ausência. Mesmo assim, mesmo baixando os padrões de aceitação de ti, não consigo, não dá. Porque insistes em corroer-me os sonhos de momentos de paz que tanto almejo? Deixa-me ficar, deixa-me ser eu sem ti de uma vez por todas. Deixa-me ser sozinho outra vez, estou demasiadamente acompanhado por ti. Preciso de espaço e de tempo eterno longe de ti. Mais do que isso, preciso de uma amnésia selectiva que me faça esquecer-te, somente a ti. Não aguento mais isto, mas também não morro por isto. Estou condenado a sofrer até que desapareças, nem a morte me safará deste limbo teimoso que teima em manter-me convictamente preso a ti pelos pesados grilhões da saudade e da recordação...
quinta-feira, maio 02, 2013
Loucura
Hoje encontrei-te num canto. Perdida num canto rasgado de uma folha amarelada pelo esquecimento ignóbil do tempo. Nela não és tu, na realidade, que lá estás, mas uma frase tua, um compromisso etéreo que nos fizeste há uma eternidade atrás. Que exagero o meu, mas parece uma eternidade, não parece? Fomos uns loucos transeuntes quando nos conhecemos. De forma simbiótica, a tua loucura apaixonou-se pela minha seriedade carrancuda de então. Instantes depois, a minha máscara de responsabilidade caiu, infectada pela insanidade do teu olhar, pela doidice da tua alma de uma forma geral. Enlouqueci nesses escassos instantes que procederam o nosso primeiro encontro e tornei-me feliz. Ímprobo, mas feliz. A loucura é uma anormalidade e uma anormalidade é aquilo que não é normal. E o que não é normal é aquilo que, por acaso ou não, não está em maioria. Portanto, a loucura é uma questão de maioria, ou melhor, de minoria. Mas sendo tu o meu mundo, sendo ambos loucos e únicos um para o outro, somos, então, um caso de maioria óbvia e estupefacta. Portanto, somos normais. No nosso mundo somos perfeitamente aceitáveis e sãos. Todavia, nem toda a irracionalidade durou para sempre. Tornaste-te astuta e sã. A magia daquela loucura inicial, as suas cores estonteantes, o seu cheiro nauseabundo...tudo isso se afogou num mar de responsabilidade consciente que te afastou de mim. Apareceste, contaminaste-me e seguiste rumo a um horizonte de prosperidade em saúde mental. Dizes agora que estou louco, atiras-me com isso à cara, quando foste tu a principal perturbadora do meu sono adequado a uma realidade de vivências na maioria comum. Neste sanatório no qual me abandonaste, tento perceber a realidade sem ti, sem estruturas mentais pré-formadas, sem conceitos primordiais que me guiem na racionalização do que me envolve. Estou sem ti, eras a loucura fantástica que me permitia ver o mundo à nossa maneira especial. Sem ti, e louco, nada mais faz sentido...
quarta-feira, abril 24, 2013
Silêncio
Quanto vale um silêncio? Quanto vale a fugaz distância da ausência do teu olhar longínquo? Ouço sempre. Desde que nos afastámos continuo a ouvir-te como um eco perturbante que deambula nos espaços vazios dos meus momentos mortos. Continuo a querer-te. Como nunca e sempre te quis. A memória do teu último adeus, sopra-me suave à recordação ténue e meiga que ficou desse momento. Não me posso queixar. Foi uma despedida digna de nós. Quero encontrar-te de novo, um dia destes. Esse dia chegará, eu sei e tu também. Quanto vale este silêncio? Vale a esperança. A esperança de nos revermos e nos tocarmos de novo, como garantia de que, de facto, o reencontro aconteceu...
domingo, abril 21, 2013
Só tu.
Se encontrar-te nesta efémera eternidade é olhar-te à suave distância de uma recordação longínqua, desejo reencontra-te de novo, não como se fosse a primeira vez, mas com a novidade infantil que lhe é nativa. Procuro-te, desalmado, em todos os recantos onde te projecto e me iludo. Corro até ti, mas nada mais és que uma miragem encantadora. Não és tu a ilusão, mas antes a ilusão ansiosa que criei de ti. Para quê criar-te em pensamentos se és real, se existes? Para quê fiar-me em cópias ridículas de ti e de tudo o que te pertence? Quero-te, sim, claro que sim, quero-te bem! Quero cuidar de ti, sempre que puder, dentro do espaço confinado das minhas possibilidades e permissões. Não te esqueço, nunca, nem mesmo durante as ausências cegas e os silêncios agudos que me queimam o coração em lume brando. Agora, nada mais do que tu. Só tu, só tu...
segunda-feira, abril 01, 2013
Motivações
O tempo é, meus caros, relativo de facto. Não falo desse tempo físico que se usa para medir a idade das coisas, mas daquele outro tempo que se relaciona com as disponibilidades e motivações nas relações sociais. Todos nós conhecemos, de certo, um conjunto de pessoas que nunca têm tempo para nada. Pessoas que se perdem nas redundâncias exaustivas de desculpas tão inocentes e tão irrealmente fundamentadas que se resumem, de sucinta forma, em expressões tão diversas que vão desde a frieza e objectividade da "Não tenho tempo!", até às mais discretas e simpáticas como é o caso da "Fica para a semana, pode ser?". Para essas pessoas, que naturalmente não terão tempo para ler este texto, eu queria deixar uma mensagem. Claro que esta minha opinião, sendo direccionadas para as pessoas que não têm tempo e, portanto, como já referi, não poderão, de forma alguma, ler este pequeno texto, ir-se-á perder na infinitude de uma solitária ironia onde ela própria, a mensagem, deixará de o ser, uma mensagem, pela simples ausência de sujeitos que a recebam.
Não obstante e com esperanças que a minha teoria tenha graves falhas, deixo-a aqui perdida: para vós muito ocupados, tudo o que me dizeis é treta. Escusais de me atirar com eufemismos bonitos, a mim não me enganais vós, eu poupo-vos esse delicado trabalho.
Este tempo de que falo não existe por si só, portanto, também não se ausenta por vontade própria. Este tempo constrói-se, guarda-se, reserva-se em função da motivação específica que temos para estar com determinada pessoa. Por mais ocupadas que sejam as nossas vidas, há sempre margem para esse tempo de dedicação, de convivência, de conversa, de atenção e de exclusividade. Quando queremos, há sempre tempo para tudo. Pode ser pouquinho, mas há. Ele está lá. Quem não tem tempo, e principalmente aqueles que nunca têm tempo para nós, é porque simplesmente não o querem ter. No fundo, nós não temos culpa de não ser suficientemente importantes para essas pessoas, nem elas, obviamente, nem ninguém, de uma forma mais ou menos geral. Mas peço-vos, não enrolem mais a coisa. Sejam honestos e directos. Eu levo isto à letra. E mais uma vez, escusam de me vir com tretas
Não guardo qualquer rancor a essas pessoas. Apenas fica uma leve mágoa pouco importante que passa rápido com o tempo apressado. Se, por acaso, essas que tenho em mente, por milagre, lerem esta mensagem, saberão que estou a falar delas. Muitas carapuças, com o tamanho certo, irão servir em muitas cabeças. Não terei qualquer problema em vos dizer isto na cara. A questão que surge agora é, tereis vós coragem de me enfrentar? Aqui fica o desafio para quando tiverdes tempo...
segunda-feira, março 25, 2013
Sede
Tenho ciúmes de ti. Por seres tu e acompanhares-te a ti própria sempre. Invejo-te a companhia. Também queria estar contigo, tal como estás sempre contigo própria. Cobiço-te a alma e o corpo. Quero roubar-te de ti própria. Ai...mas não consigo. Tu própria és tu. Subtraí-la de ti seria diminuir-te à inexistência de uma singularidade persistente. Cedo. Aceito-te a ti e a ti própria, desejo-vos a ambas, como uma única. És a tua existência plural de significado em mim, como uma iluminação de saber consciente que me desperta a curiosidade infantil de te querer e de te absorver como uma esponja em secura. Tenho sede. Quero beber de ti, o meu elixir de uma felicidade engraçada, subjectivamente engendrada em função da necessidade que tenho de ti. Procuro-te, assim, ansioso, neste árido deserto em que se tornou o meu viver desde que partiste. Espero-te, estarei aqui quando voltares.
Amigos
Acredita que te amo. Espera, retiro o que disse. Amo-te muito, assim é que é. Acreditas em mim? Achas pouco ou exagero? Interessas-te, ao menos, se te amo ou não? Sei que tentas fingir uma indiferença a olhos vistos. Mas eu não te observo com o olhar. Não com esse olhar corriqueiro de quem olha sem sentir, de quem olha de forma distraída e caótica. Olho-te como um cego que é capaz de olhar com todos os outros sentidos. Assim, desta forma extraordinária de te olhar, observo-te de forma subtil e sinto que essa tua indiferença é um fachada catita que te cala o coração. Mas não faças isso, deixa-o falar à vontade. Não te preocupes com as sandices que ele possa proferir. O meu também as diz. Quiçá poderão entender-se bem e ser bons amigos, já pensaste nisso? Eu já. O que é o amor se não uma amizade promovida ao topo da hierarquia dos íntimos sentimentos sensíveis em prol de outrem? Não há, para mim, distinção entre amor e amizade. É, assim, natural que se misturem estes conceitos que, em boa verdade e na sua essência, são o mesmo. Atenção, na sua essência são, sim, o mesmo conceito. No entanto, nas suas superfluidades necessárias, são diferentes, admito-o. Não se trata de uma diferença de opostos, mas uma diferença de complementares. Estes dois sentimentos complementam-se e estendem-se de forma natural um ao outro. Enfim, continuo a dizer, complicar para quê? Sejamos felizes e amigos, o resto surgirá naturalmente, se de forma natural tiver que surgir:)
terça-feira, março 19, 2013
Presente
E agora, o que sobra?
Sem ti, o que há mais?
Há a sombra solitária
De dois corações partidos
Em mil pedaços fractais,
Mil sombras,
Mil sentimentos mal sentidos,
E agora, o que sobra?
Sobram passado e memórias.
Sobram partilhas e recordação
Estórias?
Sim, tens razão.
Tudo acaba por sobrar,
Tudo acaba por ficar a mais,
Nesse dia quando já não
Precisamos de tudo.
Sobra-me agora o presente,
Porque perdi o futuro.
Liberdade
E assim te vejo e te respiro fugazmente como uma brisa que foge com o vento apressado. Encontrou-te neste reencontro de sentidos partilhados de forma eterna e desproporcionada. Ao mar, aqui ao lado, invejo-lhe a teimosa persistente de ficar em terra. As suas tentativas onduladas de viajar pelo seco desconhecido, morrem sugadas pela areia oca em secura permanente e rápida. Tal como eu, ambos tentamos alcançar algo que sistematicamente não conseguimos atingir. Corremos mas o chão escorrega, encerrando-nos virtualmente numa constância espacial tripartida pelo espaço imobilizado. Sopro a favor da corrente do vento, tento contrabalançar-me sem cair. Estou preso, de facto, eis a minha iluminação. Estou preso à esperança de te alcançar e à fé solitária que tem vindo a trilhar caminho por mim. Apercebo-me que não pretendem acompanhar-me mais. Para partir, para retomar a viagem em direcção a esse desconhecido medonho, terei que as deixar, mas antes, é impreterível que me desamarre delas. Não é fácil. Já alguém dizia que a esperança é a última a morrer, mas eu terei que sobreviver sem ela. Serei uma excepção? Lutarei por isso. Tenho que ser excepção. Já está, o grilhões estão desbloqueados. Foi fácil, mais fácil do que pensava. Tão fácil que me faz envergonhar. Deixo a esperança aqui caída abraçada à fé de te ter. Elas safa-se-ão sozinhas sem mim... Estou, assim, liberto em liberdade libertadora, avanço, com medo, mas com entusiasmo. Estou com pressa, tenho que ir, não há mais tempo, acabarei este texto quando voltar, se voltar...
segunda-feira, março 18, 2013
Destino
Se te dissesse que te amo,
acreditarias em mim?
Gozarias comigo, suponho.
Brincarias com a infantilidade
Da minha declaração apressada,
Estampada na minha face cor-de-rosa.
Perdoa-me se te julgo ruim
Divindade que exige e castiga.
Às vezes não te suporto.
Outras vezes, perco-me de amores por ti.
Neste jogo dicotómico,
Encontro-te teimosamente bela,
Não arredando pé dos meus pensamentos.
És sempre tu.
Bem ou mal, tu és sempre
Tudo aquilo em que sempre penso.
Suportar-te-ei para sempre?
Aguentarei para sempre este pensar em ti solitário,
E distante de ti?
Ninguém sabe, nem o destino.
Mas o destino é alguém?
Mesmo que fosse, não seria ninguém
Para talhar a minha vida e o que quero dela.
Sobre esta última,
Sou eu quem se tem que decidir.
Pegar ou lagar-te?
Diz-me tu...
Outras vezes, perco-me de amores por ti.
Neste jogo dicotómico,
Encontro-te teimosamente bela,
Não arredando pé dos meus pensamentos.
És sempre tu.
Bem ou mal, tu és sempre
Tudo aquilo em que sempre penso.
Suportar-te-ei para sempre?
Aguentarei para sempre este pensar em ti solitário,
E distante de ti?
Ninguém sabe, nem o destino.
Mas o destino é alguém?
Mesmo que fosse, não seria ninguém
Para talhar a minha vida e o que quero dela.
Sobre esta última,
Sou eu quem se tem que decidir.
Pegar ou lagar-te?
Diz-me tu...
sábado, março 16, 2013
Futuro
Quando duas pessoas, apesar de longe, se querem de mútua forma, perdem-se em tentativas e esforços suados de um reencontro remoto situado à distância encurtada pela saudade. Se isto falha, é porque uma das partes, ou ambas, estão a falhar. Não vale a pena especular mais, as coisas são como são, a realidade é mesmo isso, real. Não há forma de a contornarmos, sobretudo quando as coisas não dependem de nós. Neste sentido, desistir não é vergonha, é coragem. Força é deixar de acreditar num futuro por nós tão acarinhado e desejado. Força é largar tudo isso e seguir em frente com a dúvida do que poderia ser se tivéssemos lutado e conseguido. Essa dúvida atormenta-me o espírito, mas, a partir de agora, terei que viver com ela para sempre. Nunca saberei a resposta, nunca testarei as minhas conjecturas epopeicas de uma vida conjunta em torno da felicidade, da paixão e da partilha. Uma vida conjunta contigo. Não sinto, vindo de ti, vontade de nos reencontrarmos. Não é impossível, mas mesmo que um reencontro o fosse de facto, a novidade da tua vontade reluziria de forma diferente. É por isto que afirmo que não vale a pena a acreditar ou sequer sonhar com esse futuro luzidio que tantas vezes reconstruí nos meus pensamentos. Está na hora de acordar e começar a pensar em mim...
quarta-feira, março 13, 2013
Segredo
Abraça-me. Abraça-me com força. Dá-me mais 5 minutos do teu aroma suave, do teu calor aveludado, da tua pele macia, não me largues já. Ai...não quero mais sair daqui, deixa-me abraçar-te para sempre. Brinco. Bem sei que não posso, que não me pertences, que o meu coração não está em ti. Porém, tu estás aqui e aqui. Não me vês mas acabei de apontar para o meu peito e para a minha cabeça. Estarás sempre lá, de forma omnipresente em ambos os lugares. Abraça-me com mais força, ilude-me de que tens medo de me perder e que por isso não me queres deixar ir embora agora. Vamos fazer de conta que sentes a minha falta quando não estou, vamos fingir que sentes a minha ausência presente mesmo quando estou contigo. Sejamos eternos neste momento finito que nos embrulha com carinho e nos dá esperança. Quero-te mais do que imaginas, mais do que eu próprio consigo sonhar quando durmo. Porque dormir é pouco, sonhar contigo é subvalorizar a tua pessoa, é achar que o universo sonhado é suficiente para te abarcar em toda a tua dimensão e beleza. És muito mais do que isso, és infinita e os meus sonhos, mais cedo ou mais tarde, acabam. Podem voltar, e voltam, garanto-te disso, mas em jeito de pequenos finitos que envergonham a realidade de que és feita e a copiam à descarada. És uma constante absoluta dentro do meu pequeno e humilde universo que se construiu em teu redor. Mais, não és só isso, és o próprio universo para onde me mudei e comecei a viver. Continua a abraça-me, nada mais é agora mais importante do que os teus braços a agarrarem-me com vontade de desejo. Diz-me ao ouvido, em segredo mútuo, que me queres para sempre. Não faz mal que esse sempre dure apenas quanto durar este abraço, o que me interessa é me desejes querer para sempre. A tua vontade é que eu quero seja grande e muito maior do que nós.
- Amo-te! - confesso-te em desabafo.
- O quê?
- Soei-te muito dramático? Infantil talvez?
- Não, de todo. Apenas não estava à espera.
- E então?
- Então nada, fizeste uma afirmação, não uma pergunta.
- Nesse caso, deixa-me perguntar-te: amo-te?
- Diz-me tu, amas-me?
- O que para ti é amar alguém?
- Amar é preocupação, é sentir falta, é precisar, é partilha e companhia. É confiança, respeito, amizade, é um não haver segredos constante, é conversa, é brincadeira. É sê-lo sempre.
- Concordo, mas só isso?
- Achas pouco?
- Eu acho muito pouco, o que sinto por ti faz-me sentir muito mais para além do que mencionaste.
- Ai é? Que tipo de coisas então, conta lá.
- É segredo.
- Agora já há segredos entre nós? Qual foi a parte de "não haver segredos" que não compreendeste e com a qual concordaste?
- Tens razão. O segredo és tu.
- Eu, como assim?
- Tu és o segredo do amor que sinto por ti.
A cor rosada da tua face brota com uma intensidade anormal. Toco-te. Ferves ao toque e ao olhar. Está na hora de nos despedirmos. Não quero mas tem que ser. Ficou frio de repente. Promete que nos voltamos a abraçar amanhã. Promete-me isso.
Até amanhã!
Amo-te.
- Amo-te! - confesso-te em desabafo.
- O quê?
- Soei-te muito dramático? Infantil talvez?
- Não, de todo. Apenas não estava à espera.
- E então?
- Então nada, fizeste uma afirmação, não uma pergunta.
- Nesse caso, deixa-me perguntar-te: amo-te?
- Diz-me tu, amas-me?
- O que para ti é amar alguém?
- Amar é preocupação, é sentir falta, é precisar, é partilha e companhia. É confiança, respeito, amizade, é um não haver segredos constante, é conversa, é brincadeira. É sê-lo sempre.
- Concordo, mas só isso?
- Achas pouco?
- Eu acho muito pouco, o que sinto por ti faz-me sentir muito mais para além do que mencionaste.
- Ai é? Que tipo de coisas então, conta lá.
- É segredo.
- Agora já há segredos entre nós? Qual foi a parte de "não haver segredos" que não compreendeste e com a qual concordaste?
- Tens razão. O segredo és tu.
- Eu, como assim?
- Tu és o segredo do amor que sinto por ti.
A cor rosada da tua face brota com uma intensidade anormal. Toco-te. Ferves ao toque e ao olhar. Está na hora de nos despedirmos. Não quero mas tem que ser. Ficou frio de repente. Promete que nos voltamos a abraçar amanhã. Promete-me isso.
Até amanhã!
Amo-te.
quarta-feira, fevereiro 27, 2013
Felicidade
Sabes que aqui estou. Sei que sabes que aqui sempre estarei. Espero por ti em pequenos momentos infinitos de esperança desordenada mas reconfortante. Aqueço-me mornamente nessa suave incerteza do futuro. Quero-o abraçar com a destreza de um corajoso que sabe o que faz. Não me rendo às evidencias certeiras, aos factos frios e cruéis que me tendem a impingir a crença num destino determinado à margem da vontade terrena. Quero torcer pelo livre arbítrio e julgar-me capaz de uma responsabilidade moderada pelas minhas acções e pensamentos. Quero com esta atitude perceber que posso contribuir para a construção desse destino incerto em prol de mim e, sobretudo, de ti. Desejo lá chegar contigo, a teu lado. Independentemente de como te encontrares, quero ver-te a sorrir, feliz. Será pedir muito? Espero, num entretanto eterno, por esse momento decisivo, garantindo-te que todos os dias trabalharei suado e exausto para a edificação ao alto, bem lá no alto, da tua felicidade. Esse é, mais do que tudo, o meu grande e único objectivo perante a servidão que te presto, com orgulho e amor. E agora? Agora nada. Agora tudo!
domingo, fevereiro 17, 2013
Inércia
Tu aí estás e eu aqui estou. Assim separados pelo hábito de uma casualidade rotineira. Sei que esta falta que sinto, é só minha e não, também, tua. É difícil controlar esta inquietação que me abraça o corpo dos sentimentos afónicos. No entanto, estou parado. Sinto-me neutro, anulado, um zero. Estou sem reacção e imóvel. Sinto uma inércia sentimental a apoderar-se de mim. Os sentidos dormem. Custa-me, por vezes, sentir-te como dantes. É essa energia espectacular que dantes vinha de ti que agora teima em atrasar-se. Sigo a minha vida, mas faltas-me no caminho. Irei reencontrar-te de novo? Paro por momentos indecisos. Olho para trás e vejo-te, ainda. Volto ou continuo? Arrisco-me nessa probabilidade incerta de me cruzar contigo de novo, noutro tempo, noutras circunstâncias? Nada é irreversível, não entre nós. Como te disse, hoje estou pobre, de espírito, de tudo, até de inspiração. Serei sensato, vou parar para descansar. Deixo essa decisão para um dia de brilho, para um dia em que te ouça a chamar por mim, com saudades, tal como eu te chamo, todos os dias, em silêncio mudo...
quinta-feira, fevereiro 14, 2013
Tudo
Miro esse quadro vazio em que se transformou a minha alma. Que arte e engenho te esculpiu essa imensidão rasa de um nada plano sem conteúdo? És objecto primordial da objectividade projectada num instante subjectivo de interpretação pessoal lata. Eu, o sujeito confuso sem jeito verbal com que me possa conjugar, exprimo-me em desordem com esse pintar da branca tela solitária. No colorido abstracto da paleta mental, nascem pretos e tons de cinza, poluição ambígua desse inconsciente medroso e apoquentado. Continuo a misturar. Os arco-íris de outrora dão vaga aos dramáticos tons monocromáticos que, agora em maioria, arrastam as cores sobrantes para um abismo neutro e sem sentimento. Misturei de mais e desalmadamente. Perdi o controlo sobre as emoções. Senti demais tudo isto que sinto. Criei sentimentos que não existiam, ilusórios sentimentos por mim inventados. E, por sentir em excesso aquilo que não seria capaz de abarcar, caí, desmaiado, para este chão rude do atelier da vida. Fui guloso e gerei fome. Fome induzida pelo desejo de tudo sentir, ao mesmo tempo, com um só coração, o meu. Pensei demais, a razão explodiu. Vejo nada, exceptuando esse preto carregado com que continuo a pintar, sem qualquer controlo aparente, a minha tela desalmada. Pinto nada ou um todo hiperbolizado pela ganância de tudo sentir? Calibrei mal as minhas proporções cromáticas. Gerei um negro do qual não me consigo afastar, não para já, não agora. Apartam-se de mim os silêncios e os vazios, os significados do nada e do inútil. O superficial e o desinteressante esvaziam-se em estouros preenchidos como balões furados pelos sobejos de uma alma aflita. A tela está preenchida, nenhum branco incerto reluz intenso como no início. É isto que sinto, tudo. Todas as cores misturadas num grande escuro geométrico onde me projectei. Aqui ficam, aqui guardo os meus sentimentos, ainda frescos ao olfacto e ao toque. Deixai-os secar em sossego...
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
Existência
Se a memória não me falha, contaste-me, em segredo prometido, que gostavas de ler as minhas cartas, boas ou más, porque davam algum significado e importância à tua existência, que neles descobrias um pouco de mim e também de ti. Elogiou-me esse doce comentário. Exagerado quiçá, mas não por isso menos genuíno. Ao fim e ao cabo, um exagerado não é mais do que uma realidade subjectivamente aumentada por desejos, motivações e vontades orientadas para um fim que pode estar, ou não, conscientemente bem definido no berço racional dos nossos pensamentos. Independentemente disto, a tua existência é, para mim, bem mais essencial do que imaginas, bem mais imprescindível do que eu consigo admitir sem corar. Saber que existes conforta-me, faz-me sentir seguro e protegido, mesmo a esta inevitável distância que nos separa. Mesmo longe, o conhecimento de saber que aí estás alivia-me a dor da saudade. Com este lacrimejar saudoso, escrevo para ti. Esta é a minha humilde maneira de me aproximar daquilo que sinto através de palavra inteligíveis. Não é fácil, nem sequer minimamente justo. Perdoa-me se falho nesta tradução de 'aquilo que sinto' para 'aquilo que escrevo'. As combinações de palavras são infinitas, mais limitadas são as combinações de frases com sentido compreensível. Infinitamente complicados são os meus sentimentos agitados. Vou parar, por agora. É tarde, tenho sono e cansaço entranhados no corpo mortal. Podia continuar, até podia, mas só me iria repetir e repetir, caminhando continuamente nesta espiral recursiva que converge para ti. Bom ou mau, mais um ensacado de palavras termino em tua função. Ainda pensas que a tua existência não é fundamental para a minha? Pensa outra vez...
terça-feira, fevereiro 12, 2013
Reencontro
Num acto surpreendente de auto-consciência, apercebo-me de um limbo de existência alternativa, situado algures entre os meus pensamentos e o meu coração. Nesse espaço quase desértico, passeia incansavelmente, em círculos infinitos, esta ideia que há muito ameaça notar-se mas que só agora se esforça para se exprimir de forma clara. Ouço-a atentamente, sussurra-me sobre ti. Ainda escutando-o, viajo incontornavelmente no tempo até ao dia em que, aparentemente, nos conhecemos. Relembro-me agora, de facto ele tem razão, de uma suave sensação de familiaridade presente no teu olhar reconfortante quando este, pela primeira vez, encontrou o meu e sorriu. Na altura, sob a vigilância dos rigorosos parâmetros avaliativos da razão, desvalorizei este reconhecimento ambíguo. Afastei-me da confusão perturbadora do avivar de uma memória perdida no tempo. Afastei-me mas não consegui, fugi mas não escapei. A dúvida, teimosa, permaneceu adormecida, pesadamente deitada sobre mim. Num instante repentino e dormente, uma esmagadora sensação de déjà vu surge-me de um clarão de memórias reprimidas que me cegam a consciência do momento. Retraio, embrulhando-me no meu próprio medo, assustado com a novidade. Acalmo. O que me aconteceu? Quem és tu? Pergunto-me numa retórica pessoal, consciente da impotência de me fornecer uma resposta. O medo fica lasso, dando espaço à coragem para brotar quando, ainda com a visão translúcida, vislumbro um vulto aproximando-se de mim. Esfrego os olhos, mas não resulta. Mais perto, comprovo, com segurança, que esse vulto de outrora, agora bonito e colorido, te pertence com rigor. És mesmo tu? Estranho. Mas eu a ti conheço-te desde sempre. Desde que existo como ser consciente e espiritual. Reconheço-te de outras vidas, de outros mundos, de outros universos paralelos. É isso, é isso!!! Como é que não me apercebi da tua identidade nesse ilusório primeiro dia em que, nesta vida, te vi? Como fui capaz de não te reconhecer, logo ali, no momento? Perdoa-me a desatenção de Morfeu. Hoje, e agora, iluminado por este despertar desconcertante, encontro o caminho para uma explicação fantasticamente realista para essa familiaridade primordial que senti no teu olhar encandeado. Encosto a minha razão nua à parede de espinhos do meu cepticismo casmurro, assassinando-a com violência. Não quero mais dormir, não quero mais pensar. Não me interessa criar ou sonhar mais. Tenho-te aqui. Deixa-me tocar-te. Sim és tu, és real, encontrei-te, finalmente encontrei-te. Tudo faz sentido à luz deste reencontro. A memória refresca-se de memórias passadas, de todos os momentos que vivemos, da amizade que partilhámos, das vida que construímos juntos em cada instanciação das nossas respectivas existências conjuntas. Não te vou largar mais, não nesta vida, não nesta viagem, que agora começa, mas que ambos ignoramos como e onde culminará. Ainda há tempo. Vamos-nos viver agora, à descarada, livres do sono opressor que nos afastou durante anos, durante tempos intermináveis. No entanto e infelizmente, tal como qualquer despertar tem, também, o seu descanso profundo, toda esta novidade é transitória e recursiva. Hoje acordados, amanhã dormentes e longe da consciencialização de quem fomos e daquilo que, na nossa essência e de forma eterna, somos um para o outro. É esta a nossa história, momentos de felicidade eterna, espaçados pelo tempo que teima em nos manter afastados. Aproveitemos enquanto dura este círculo, este reencontro. Gosto muito de ti, sempre gostei...
segunda-feira, fevereiro 11, 2013
Longe
Quero sentir-te, aqui e agora, sempre. Como hoje, como ontem, como amanhã, como nunca te senti. Quero ver-te em todo o lado, quero pensar-te em qualquer altura. Preciso de ti, quero-te, quero-te muito. Não obstante e insatisfeito com a finitude desse meu capricho, desejo desejar este desejo continuado de te querer. Isso é fácil, não custa. Difícil é esquecer-te. Árduo é não depender de ti. Mas para quê essa liberdade? Não quero! Fico contigo, eternamente agarrado a ti, como um fungo que se alastra velozmente pelos poros suaves da tua pele. É desta relação parasita que vivo de ti, que me alimento de tudo quanto és, deliciando-me com a tua essência pura, bondosa, fantástica! Peco pela gula que me incrimina descaradamente e sem vergonha. Não escondo, assumo a minha culpa. Faz-me o teu prisioneiro servente, leva-me contigo. O meu castigo? Esse materializa-se em todos estes momentos infindáveis nos quais não te tenho perto de mim, para te sentir com a proximidade de todos os meus sentidos esfomeados e descontroladamente alarves. É em momentos como estes que, sentindo-te à distância em cinzas inflamada pelo tempo que corre apressado, escrevo para ti, sobre ti. Sobre o estado em que fico em função da tua ausência deliberada e ingénua. Não te apercebes, mas apercebo-me eu. O que sinto por ti não termina, não do meu infantil ponto de vista enviesado. Não, não lhe miro o fim. É nessa eternidade amena que aguardo por uma oportunidade, um espaço vazio que eu possa ocupar, mesmo que à justa e sem conforto. Sou vontade e desejo etéreos, mas maciços, que desejam existir em ti. Nada tenho, nada posso perder. Para quê? Não sei. Somente sei que é, assim, que eu espero por ti...
terça-feira, fevereiro 05, 2013
Competição I
Elegante. A minha teoria confirma-se. Não sou o único a olhar-te, nunca serei, jamais usufruirei dessa exclusividade encantadora que só em sonhos consigo alcançar. De volta à realidade, não estou sozinho. A concorrência aperta com a competição matreira a fitar-me a destreza evolutiva de ser mais, de ser melhor, de ser tudo para ti. Mas como ser isso tudo, o que é ser isso tudo? Tu defines as regras e os limites para as tuas exigências e caprichos. Nós ajoelhamos-nos perante a tua vontade. O jogo está criado e já começou. Está aberto o espectáculo aos gladiadores cegos pela paixão que afunila em ti, no antiteatro da tua atenção despreocupada e arrogante. A sentença está determinada. Só um sairá vencedor, só um sobreviverá, só a um tu irás apontar o dedo e vociferar 'tenho estado à tua espera'. Com isto realizo que, para ti, não me distingo dos demais, sou igual a tantos outros que aparecerem antes e surgirão depois de mim. Não sou especial, não constituo uma irregularidade nessa uniformidade que é esta arena de combatentes suados e exaustos. A única forma de me discriminar é vencer e, assim, ganhar o pódio da tua atenção e levantar o troféu do teu amor exclusivo. É isso que pretendo. É por isso que vou lutar?
segunda-feira, fevereiro 04, 2013
Ausência
Eis um dia de fraca inspiração, criatividade e imaginação. Estes elementos essenciais à criação artística, boa ou má, parecem falhar-me hoje. Seja como for, teimoso, vou insistir na tentativa forçada de expulsar algo cá para fora. Fazes-me falta, sabias? Apercebo-me que afinal não é tão fácil contar histórias longe de ti. Não, pelo menos, a esta distância silenciosa, durante este largo intervalo de tempo ruidoso que ainda perdura e me surge sem fim. Tento encontrar inspiração, tento encontrar-te a ti, minha musa. Frustrado, caio desgraçadamente na cruel impossibilidade de te ver, de te tocar e, sobretudo, de te sentir perto, junto a mim. Esta proximidade de que falo não se trata de uma necessidade física, de contacto ao tacto, ou do olhar. Refiro-me a uma proximidade comunicativa, de gestão de diálogo mútua. Em nada tem que ver com a realização física dos cinco sentidos esfomeados de estímulos apetitosos. A minha preocupação é outra. Preocupo-me em satisfazer uma ausência abstracta que me impossibilita de sentir e, então, de criar. Sinto nada, logo nada tenho para criar. Que faço agora? É este vazio que em mim fica quando não estás, é esta profunda ausência que se reconstrói dentro de mim sempre que te ausentas, que me imobiliza a literacia e que cala a voz da alma. Por onde andas? Preciso de ti...
sábado, fevereiro 02, 2013
Já te disse isto hoje?
Já te disse isto hoje? E ontem, contei-te? Perco-me na minha própria repetibilidade sistemática, onde procuro arranjar maneira de te contar o que sinto. Sim! Sim, tens razão...eu sei que já te contei isto, mas mesmo assim, quero tentar arranjar uma maneira diferente, uma nova forma de transmitir as coisas. Deixas-me tentar, mais uma vez? É que, por exemplo, não te chateias, não te aborrece estar sempre a ouvir a mesma lenga-lenga? Eu sei que não exiges tanto de mim, mas eu quero encarar isto como um desafio pessoal, como uma lacuna comunicativa que pretendo ultrapassar. Faço-o por ti. Eu sei que é parvo, mas o que é que queres? Nem tudo tem que fazer sentido. Os sentimentos fazem sentido, serão eles inteligíveis? Claro que não, pelo menos não todos, não este. Não obstante, a Natureza permite que eles existam e eles aí estão, fortes, robustos. Podem apenas existir na nossa cabeça, na nossa memória, como resultado de reacções electro-químicas, mas não é por isso que deixam de ser menos reais que a chuva, as montanhas ou os rios. Não concordas? Assim, as coisas parvas e sem sentido têm o mesmo direito à realidade que todas outras mais certinhas e matemáticas. Devemos então aceita-las e encara-las com a maior das naturalidades, estranhando-as quiçá, mas nunca leva-las à ignoração consciente. O caos de um sentimento é muito mais divertido que a o aborrecimento da trajectória de um projéctil Newtoniano. É desse colorido caótico, desse floreado delicado e gentil, que brota uma estrutura irregular, desconexa mas orientada para um fim: ser sentida. Não interessa por quem, nem para quem, ela apenas quer ser sentida e sendo, quer liberta-se, aproveitar enquanto dura e dar-se ao sentido último para o qual criada. Sim é isso, acertaste. Essa estrutura é esse tal sentimento desordenado que nutro por ti. Pode não fazer sentido, mas é sentido e, portanto, real. Rege-se pelas mesmas leis que qualquer outro elemento da Natureza. Compreendes?
Ah pois é, ainda mais uma coisa, ia-me esquecendo, cabeça a minha: já te disse, hoje, que gosto muito de ti?
Ah pois é, ainda mais uma coisa, ia-me esquecendo, cabeça a minha: já te disse, hoje, que gosto muito de ti?
terça-feira, janeiro 29, 2013
Razão
Era de esperar, não era? Claro que sim. Na imensidão dos olhares alheios, é essa busca de conforto e receptividade que esperamos encontrar nos outros, que eu já não procuro em ti. Tento equilibrar-me sozinho, com esforço admito-o, sem ti como ponto de apoio e sem o teu brilho para me iluminar o caminho. Apercebo-me que não preciso mais de ti, exceptuando a inspiração que de ti brota e me enriquece a mente com palavras confusamente baralhadas. Tento, a todo custo, organizar-las em pequenas frases que façam sentido e jus ao que sinto. No final, é no julgamento da razão que tudo retrocede. Todo o esforço lógico, toda a emoção e sentimentalismo que imprimi nas palavras, à luz deste novo juiz, são incriminadas pela ausência de estrutura, coerência e, acima de tudo, pelo seu colorido abstracto e pujante. É como réu que vejo tudo isto a acontecer diante de mim. Não há culpa, há o caos ordenado que afunila em mim e me ataca como uma besta enraivecida. Sangrando em lágrimas, saio deste tribunal vencido, mas não convencido...
segunda-feira, janeiro 28, 2013
Sonhos
Sonho com essa realidade parva de um dia te ter. Quão saudável este sonho não é? Não é nada, é doença, é vírus que contamina a alma com esperança mortalmente corrosiva. Apercebo-me dessa estupidez de sentimentos aleatórios que giram em torno de ti e te elevam nos parâmetros da amizade, quando volto a uma realidade, aquela onde ambos nos encontrámos e nos conhecemos. Outras existem, por mim criadas, que se desenvolvem de forma paralela, que reflectem os sonhos que tinha para nós. Sonhos infantis, inocentes e sonhados em cima do joelho. Não fazem sentido, nunca fizeram. São abortos abstractos das minha mente em apuros, remedeios para um futuro rápido que surgiu como consequência dos sentimentos que brotaram de uma erva daninha. Em qual destas realidades pretendo viver, nas criadas por mim ou, inevitavelmente, nas criadas para mim? Fará assim tanta diferença, para já? Julgo que não. Venham eles, os sonhos.
Ainda tu!
Vejo-te ainda na minha memória. Resíduos estilhaçados de uma lembrança fértil e alegre. Recordo-te como da primeira vez. Magnífica, brilhante, linda, é a fotografia que tenho de ti estampada no passado feliz de uma convivência engraçada. Olho para a memória de ti e estremeço de medo. Medo por voltar a cair nos teus encantamentos, que eu sei que são inocentes. A culpa é minha, eu é que me deixo encantar, eu é que sou o encantado que fiz de ti uma encantadora espontânea. A magia não existe em ti, eu é que te tornei mágica com a varinha de condão da esperança e de uma felicidade ilusória e viciante. Quero mais, quero tudo. Tenho nada, com nada não me contento. Tenho-te à ideia que tenho de ti. Contentar-me-ei? Serei capaz de me subjugar a essa simplicidade redutora de ti? Quem sabe!? Eu sei.
sábado, janeiro 26, 2013
Agora ou nunca!
Sei que aí estás, desse lado, mas que não te queres mostrar. Sinto a tua presença e compreendo que não queiras falar. Não me importo, verdade! Aceito, com naturalidade, essa tua decisão consciente. No entanto, caso decidas em aparecer, caso te decidas revelar a mim, finalmente, não contes com a minha atenção, nem com o meu tempo. Será em vão se tentares, não te canses, não te esforces. Nessa altura, já estarei longe, muito longe...
Tu?
Já te disse que adoro a maneira carinhosa como que me olhas quando nos despedimos no meio da multidão? Sinto que procuras o meu olhar na altura do adeus, com esse teu brilho especial nos olhos. Ilusão minha ou realidade? Para não encontrar desilusão, tendo a insistir as minhas apostas na primeira opção. No entanto, em sonhos, quero ter a certeza de que me procuras dessa maneira especial, com um sorriso encantador que me faz derreter a razão. Nesses sonhos que tenho, quero ser a única pessoa do mundo para a qual assim olhas. É tão bom sonhar...Quero sentir-me especial, deixa-me sentir especial, deixa-me sentir que me destaco nos teus pensamentos, que me destaco quando não estou perto de ti. Quero fazer mossa quando não estou, quero distrair-te quando estou longe. Quero iludir-me que sentes a minha falta, tentando iludir-me que não sinto a tua...Mas não deixo de estar em paz:) Não te coloco de parte, não fujo de ti. Já não preciso...
Estou com muito sono agora, não me consigo concentrar nas letras, apenas em ti. Vou dormir. Boa noite.
Estou com muito sono agora, não me consigo concentrar nas letras, apenas em ti. Vou dormir. Boa noite.
quinta-feira, janeiro 24, 2013
Tu - Final
Estou em paz. Fiz as pazes contigo e com os meus sentimentos. Aceito-os de forma natural, deixo-os fluir ao sabor do tempo. Tudo flui ao sabor do tempo, tudo se cura com o passar do tempo. Agradeço-te a inspiração que tornaram possíveis estes textos sobre ti e para ti. Nada foi, afinal, em vão. Já não espero por ti, com a garantia e garantindo-te de que estou aqui e sempre estarei aqui para ti, como amigo, como alguém que nutre um carinho muito especial por ti. Espero, no entanto, que tenha consigo deixar a minha marca em ti. Espero que me perdoes pelos momentos menos bons, mas que, a cima de tudo, me relembres pelos bons momentos, tanto de conversas profundas, como de confidências, como de galhofa, que passámos juntos. Espero que essas memórias te levem ao desejo consciente de voltar a repeti-los, a esses momentos, um dia, dois dias, vários dias, sempre que te apetecer. Apesar do título deste texto, isto não é o fim de nada. Isto é o princípio de algo mais e melhor. É o princípio de uma amizade alicerçada no respeito mútuo e na sinceridade. Hoje provei-te isso mesmo, hoje provei-te que gosto realmente de ti e que me adaptei, que evoluí, que enfrentei e ultrapassei todos os desafios que o destino me propôs!
Adorei conhecer-te, adorei saber que existes e adoro a nossa amizade.
Um grande e especial bem-haja para ti.
Ainda bem que existes.
Um beijo...
Adorei conhecer-te, adorei saber que existes e adoro a nossa amizade.
Um grande e especial bem-haja para ti.
Ainda bem que existes.
Um beijo...
terça-feira, janeiro 22, 2013
Tu VI
Fugi, larguei tudo. Consegui? Entrei nesse mundo sedativo de sonhos. Sim, sonho contigo e aprendo a satisfazer-me com essa realidade virtual, pomposa e suave ao tacto dos sentidos. Estranho,ainda, conforto-me com essa aproximação de ti. É algo que te imita, quase te copia na perfeição, que me surge em formato sonâmbulo de uma silhueta enternecedora. Não és tu. É um conceito, uma ideia de ti. É o máximo que poderei ter e com isso me contentarei. O original está reservado, a fonte do pecado e do conhecimento mortal está seca para mim. Não tenho sede! Calma...não terei mesmo?
segunda-feira, janeiro 21, 2013
Tu V
Sei que estás aí. Sei que te escondes por de trás da invisibilidade do teu silêncio propositado. É tudo técnica macabra para me manteres afastado, mantendo, porém, teu o controlo sobre mim. Espias-me aí do alto do teu brilhante pedestal que reflecte o teu orgulho, mirando-me através da minha fragilidade que sabes que existe, tu. Sabes que sem ti, e sem o pensamento em ti, eu seria um ser autónomo e eterno, contigo mortalizo-me em carne corruptível e sentimentos escravos da teimosia dos teus caprichos. Peço-te que me deixes ser o deus que eu era antes de te conhecer. Deixa-me voltar à minha anterior vida de egoísmo, eternidade e solidão. Não quero mais sentir esta necessidade de te ter, abraçada com a incapacidade de te ter...Porque me obrigas a olhar-te, porque insistes em espelhar esse teu feitiço contra mim, encandeando-me de sentimentos, emoções, desejos eternamente insatisfeitos, vontades imemorialmente repreendidas pela natureza irremediável da situação em que me colocaste? Adeus. Estou a caminho. Volto-te as costas e volto a tentar, mais uma vez, estar longe de ti...
sábado, janeiro 19, 2013
Tu - Prelúdio
Alegremente anestesiado, é assim que me sinto. Os meus sentidos parece‐me falhar, absorvo a realidade sem margem para interpretações. O mundo não existe, só existo eu, sozinho e vagabundo, neste espaço universalmente vazio. Companhia, só me fazem os meus pensamentos absurdos sobre situações absurdas que agora fazem sentido. Deixei a realidade racional, criando o meu próprio sistema lógico onde sou o juiz, e simultaneamente o réu, a ditar e seguir as leis vigentes. O limite sou eu, é a minha imaginação, agora mais fértil do que nunca, floresce em direcção a esta nova iluminação que sinto.
Sou livre de abrir os meus pensamentos ao irracionalismo do insólito e do absurdo. Sinto‐me um deus de mim para mim mesmo. Dentro desta minha esfera idealmente concebida para me distanciar da realidade material dura e cruel, vejo‐te a ti e à ideia que tenho de ti. Sois assim tão diferentes? Tu e a ideia de ti? Sinto que não, terei que confirmar. Sei que não vos devo confundir, mas é difícil, nem mesmo neste meu mundo afastado de tudo e de todos eu consigo obter uma resposta satisfatoriamente concreta.
Quero‐te compreender, independentemente de tudo, sem recurso a análises inatamente redutoras. Não te quero entender em função das tuas particularidades, mas em função das generalidades do conceito por mim formado que te representa e identifica, nestes entrelaçados confusos onde assentam os meus pensamentos cheios de nós. Desta rede conceptual, onde se encontra perdida a tua existência por mim idealizada, surgem, irreversivelmente, pequenos impulsos que se coagulam em igualmente pequenos sentimentos obsessivos, empurrando‐me para o real abismo do qual me tento cobardemente proteger.
De repente, um estalo nessa barreira protectora, reproduz‐se em subtis falhas fatais. Caio abismalmente para esse lugar tenebroso. A minha existência, um recém-nado fresco, puro, sensível e desprotegido, vê‐se agora obrigado a enfrentar novas regras para as quais não está preparado. Nada faz mais sentido. Os conteúdos, outrora subjectivamente racionais, transformam‐se lentamente em pequenas emoções e sentimentos fantásticos, que de genéricos se vão materializando em redor da tua existência e moldando‐se a ela, tornando-se específicos e bem determinados. Apercebo‐me que acordo para essa paixão sem qualquer manifestação de sentido inteligível. Tento procurar um significado para as coisas que despertam os meus sentidos, até agora adormecidos pelo tempo e pela rotina de uma lógica débil, pessoal e repetitiva.
Tempo, preciso de tempo. Assim, paro, escuto e cego com esse brilho fantástico que vem de ti. Cego para a razão, ilumino-me para a desordem, o caos, o desequilíbrio de um sentimento borbulhante e curioso. Aguentarei tudo isto? Serei capaz de abarcar toda a tua magnitude num simples conceito que te represente?
Confundo-me, confundes-me...
Aleatory #5
Ainda cá estou, como sempre nunca deixei de estar, no mesmo lugar, esse que ambos explorámos sozinhos. A que horas lá?
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Já te disse isto hoje? E ontem, contei-te? Perco-me na minha própria repetibilidade sistemática, onde procuro arranjar maneira de te contar ...
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Não te vi mais, mas sinto-te todos os dias no alto-relevo da tatuagem que esculpiste em mim. Não há dor nem cor. Há-te. Tu hás em mim em f...
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Pergunta-me se ainda és o meu fogo se acendes ainda o minuto de cinza se despertas a ave magoada que se queda na árvore do meu sangue Pe...